Uma explosão de bomba aconteceu, na última quinta-feira (19), na mineradora ‘Brazil Iron’, localizada na região das comunidades Bocaina e Mocó, em Piatã, na Chapada Diamantina, por volta das 12h30. Na ocasião, além dos moradores locais se assustarem com o forte impacto, pessoas de outras localidades também relataram ter ouvido o barulho da explosão.
Sendo escutado por moradores do Centro da cidade de Piatã, há relatos de que as seguintes comunidades também ouviram o impacto: ‘Ressaca’ e ‘Malhada da Areia’. O barulho foi tão alto, conforme informações passadas ao Jornal da Chapada (JC), que ‘Gerais’, por exemplo, conseguiu ouvir o estrondo, mesmo ficando aproximadamente 17km de distância da mineradora.
Tudo isso gerou impactos econômicos, visto que o fato ocasionou no aumento das rachaduras presentes nas residências locais e que foram propiciadas justamente pelas explosões, que são recorrentes, inclusive no turno da noite, informa uma fonte ao JC, que preferiu se manter no anonimato. Na ocasião, as casas chegaram a tremer.
Mas não foi só a economia dos moradores que ficou afetada. A explosão em mineradora propiciou a fuga dos animais e eleva problemas de saúde das pessoas locais e, inclusive, aos impactos socioambientais, como explica Laisa Brito, bióloga e mestranda em microbiologia ambiental em entrevista ao JC.
“Explosões de mineradora em geral causam impacto ambiental e social muito grande. Uma dessas que eu posso citar é o impacto em rios de cabeceira próximos a essas regiões. Essas pequenas nascentes são fundamentais para as demais ordens de rios, pois é a partir delas que são carreados nutrientes para a manutenção do corpo hídrico”, diz a especialista.
Ainda conforme a bióloga, as explosões e atividades de mineradoras além de impactarem na biodiversidade local, impactam no quesito social. “Essas explosões e atividades de mineradoras tendem a contaminar com metais pesados, por exemplo, ou subprodutos da mineração, impactando na biodiversidade local. Quanto ao social, as comunidades em torno também correm riscos físicos, psicológicos e culturais. Medidas por parte tanto da empresa responsável, quanto do poder público local devem ser tomadas para minimizar esses impactos”, analisa a bióloga.
Embora frequentes, essa explosão teve um impacto mais forte, levando ao susto dos moradores, de acordo com o relatado pelo grupo ‘Sos Bocaina e Mocó’, que chega a caracterizar o som como “ensurdecedor, feito trovão”. “Estas explosões acontecem todos os dias. Mas hoje a explosão foi muito mais forte que o habitual”, conta.
Os moradores se queixam, há muito tempo, da poeira e barulho de minério e seus impactos com a atividade de mineração de ferro da empresa ‘Brazil Iron’ (confira aqui e aqui). Uma grande quantidade de pós se dispersou no ar. “Neste momento, a gente não consegue nem ver a casa do vizinho. Depois esse pó assenta nas plantações, nas casas e nas nascentes”, informa o grupo.
“Os moradores da comunidade da Bocaina e Mocó [que são as comunidades vizinhas da mineradora] reclamam há muito tempo do barulho das explosões, da poeira ocasionada pela mesma e das rachaduras que começaram a aparecer nas casas, depois que a mina começou a operar”, reafirma a fonte anônima.
O grupo, em razão dos impactos da mineradora inglesa, cuja subsidiária brasileira fica na cidade chapadeira, realizou um abaixo-assinado. No documento, os integrantes informam que a empresa tem sido “infame, olhando para o seu descuido no que diz respeito à proteção ambiental”. Nas redes sociais, a empresa informa que seu principal negócio é “a produção e comercialização de minério de ferro, além da pesquisa do maganês”.
Jornal da Chapada
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