A estreia de André Mendonça no Supremo Tribunal Federal (STF) já tem data marcada: 17 de dezembro. O jurista de cariz evangélico fundamentalista, que teve seu caminho pavimentado até a mais alta corte do Judiciário brasileiro pelo presidente Jair Bolsonaro, herdará as ações do ministro Marco Aurélio Mello, aposentado em julho, e será o relator de processos cabeludos que pesam justamente contra o presidente Jair Bolsonaro.
Entre os 992 processos dos quais se tornará relator, Mendonça dará seu voto e seu parecer em ações que acusam o extremista ocupante do Palácio do Planalto, por exemplo, de ter sido omisso nas queimadas amazônicas, em seu papel criminoso nas ações que impedem a reforma agrária e que liberam indiscriminadamente agrotóxicos.
Nos casos em que o ex-ministro Marco Aurélio Mello já havia votado no plenário virtual, Mendonça não poderia mais votar. No entanto, em dois deles, houve um pedido de vistas por parte de outro bolsonarista, Nunes Marques, que transferiu os casos para o julgamento em plenário físico, o que dará direito a Mendonça de se manifestar nessas ações. Os processos são sobre o bloqueio de seguidores radicais dos perfis de Bolsonaro nas redes sociais e uma bobajada sobre “ideologia de gênero” que foi aprovada nos municípios de Garanhuns e Petrolina, em Pernambuco.
Além disso tudo, André Mendonça também poderá interferir no ritmo das ações que tramitam no STF, deixando em suspenso aqueles processos que, por tendência de votação do colegiado, possam ser prejudiciais ao seu mentor ideológico.
Lira também se deu bem
Aliado de primeira hora do Palácio do Planalto, desde que o centrão, seu grupo, passou a achacar Bolsonaro em troca da “governabilidade” de sua gestão confusa e ultrarreacionária, Arthur Lira (PP-AL) também deve ser agraciado com a nomeação de Mendonça para o Supremo.
Nas mãos do ex-advogado-geral da União estarão dois processos envolvendo o deputado que comanda a Câmara. Um diz respeito a uma denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que o acusa de corrupção passiva, ligada ao caso de um assessor parlamentar flagrado com grande quantidade de dinheiro vivo e que disse à Polícia Federal que o montante era de Lira, e outro que versa sobre a inação da Câmara em discutir a proposta de taxação de grandes fortunas e foi impetrado pelo PSOL. Com informações da Revista Fórum.