Após sofrer ataques machistas e incitação à violência por parte do apresentador Ratinho, a deputada federal Natália Bonavides (PT) disse nesta quinta-feira (16), em entrevista ao Fórum Onze e Meia, que se não estivesse “incomodando certos canalhas, estaria fazendo algo errado”.
“A gente vai para cima. Por mais que eu entenda porquê isso acontece, não significa que eu naturalize. Muitas pessoas me perguntam como eu me sinto com esses ataques, que são diários. É óbvio que é ruim, mas eu também tenho a consciência de que se eu não tivesse incomodando certos canalhas, estaria fazendo alguma coisa errada”, afirmou a deputada.
Desde que assumiu o mandato, a parlamentar é vítima de ameaças diárias, muitas vindas do gabinete do ódio, por sua atuação pela defesa das minorias em espaços de poder. Os ataques proferidos por Ratinho vieram por devido a um Projeto de Lei da petista que propõe alterar os termos “marido e mulher” na celebração de casamentos civis.
A ideia é trocar a frase “vos declaro marido e mulher” por “firmado o casamento”, já que há uniões civis de pessoas homossexuais e transexuais que não se enquadram nas definições de “marido e mulher”.
Segundo ela, os ataques começaram por volta do dia 8 de dezembro, o Dia da Família Brasileira, quando parlamentares bolsonaristas publicaram uma foto dizendo que o projeto buscava destruir as famílias. “Uma fake news que nos mostra mais uma vez como atua o gabinete do ódio, que cria a notícia falsa, divulga e incentiva sua milícia digital a atacar seus opositores”, disse a parlamentar, também à Fórum.
“Caricatura da mensagem machista”, diz Natália sobre ataques
Durante os ataques, feitos em um programa na rádio Massa FM, que pertence a Ratinho, o apresentador bolsonarista mandou a deputada “lavar uma roupa”. “Natália, você não tem o que fazer? Vá lavar roupa, vai fazer algo, a lavar as caixas do seu marido, a cueca dele. Isso é uma imbecilidade. A gente tem que eliminar esses loucos. Não dá pra pegar uma metralhadora?”, disparou.
Para a parlamentar, as ofensas chegam a ser caricatas. “Essa fala, de mandar lavar a roupa, lavar a cueca do marido, é a típica caricatura da mensagem machista, patriarcal, violenta, de que o espaço público não nos pertence. De que não é para eu estar na política”, afirmou Natália.
“De que uma mulher jovem, nordestina, não tem que estar nesse espaço, tem que estar lavando a roupa de alguém. Nada indigno nos trabalhos, mas a gente sabe qual é o recado, de expulsar a gente dos espaços de decisão, dos espaços da política, e é disso que se trata a violência política de gênero, que com as mulheres de esquerda é ainda maior, porque a gente se impõe contra o que o gabinete do ódio representa”, continuou.
De acordo com a parlamentar, o comunicador bolsonarista colocou sua vida e sua integridade física em risco e, por isso, tomará medidas cabíveis na Justiça. “Esses crimes que Ratinho cometeu foram feitos em uma concessão pública. Isso torna ainda mais grave”. Com informações da Revista Fórum.
Confira a entrevista na íntegra: