Em seu primeiro discurso como presidente eleito do Chile, Gabriel Boric abordou a união, mas também deixou claro que mulheres e a comunidade LGBT, que foram duramente atacados pela campanha do candidato derrotado, José Kast (Republicanos), terão protagonismo em seu governo.
“Quero agradecer com especial ênfase as mulheres da nossa pátria que se organizaram em todo nosso território para defender os direitos que tanto lhes custou alcançar, desde coisas básica como o direito ao voto, que alguns ousaram questionar, até o direito de decidir sobre o seu próprio corpo, do direito a não discriminação pelo tipo de família que decidiram formar, até o reconhecimento pelas tarefas de casa que realizam, quero lhes dizer bem alto: conte conosco, vocês serão protagonistas do nosso governo”, declarou Boric.
Após o aceno às mulheres, Boric também discursou sobre o apoio dos movimentos LGBT do Chile, que também se tornaram alvo de ataques da campanha de Kast.
“Vejo as bandeiras aqui… e também quero acenar para os dissidentes e pela diversidade sexual que foram muito discriminados nesta campanha e viram as suas poucas conquistas ameaçadas. Em nosso governo quero que saibam: a não discriminação e a luta contra a violência perpetrada contra a diversidade e mulheres, juntos com as organizações feministas, serão fundamentais”, afirmou.
Gabriel Boric defende um Chile unido
Ao falar sobre a sua vitória e sobre todos aqueles que se locomoveram de todos os cantos do país, Boric, já propondo uma grande união nacional, declarou que “não importa se fizeram (votaram) por mim ou pelo meu oponente, o importante é que fizeram, e se fizeram presentes e que mostraram o seu compromisso com este país que pertence a todos”
Durante a votação neste domingo, a campanha de Boric denunciou o corte de transporte público, que impediu que pessoas fossem votar. O novo presidente do Chile também falou sobre: “Quero também falar com aqueles que não puderam votar pela falta de transporte público: isso não pode acontecer de novo, que em um dia tão importante e tão relevante como este se privam as pessoas de exercer o seu direito”.
Boric: a mobilização deve continuar todos os dias
Ao agradecer o apoio de partidos políticos e às organizações sociais que se mobilizaram para que a sua vitória fosse possível, Gabriel Boric afirmou que tal mobilização deverá se manter: “Quero dizer que esta mobilização não deve se esgotar em uma eleição. Este mesmo compromisso e entusiasmo será necessário durante todos os anos de nosso governo para que todas e todos possamos assegurar o processo de mudanças que iniciamos, para que ele possa seguir passo a passo”.
Boric também fez referência as lideranças históricas da esquerda chilena e destacou o fato de que, apesar de ter 35 anos, ele se considera um herdeiro de todos aqueles que “lutaram incansavelmente por Justiça e Direitos Humanos”.
“Estamos em um ciclo de mudança histórico e não podemos perdê-lo. Serei o presidente de todos os chilenos, dos que votaram neste projeto, hoje eles ocupam todas as praças do Chile, mas também daqueles que votaram em outro projeto e daqueles que não foram votar”.
Em determinado momento, Boric destacou algumas certezas que a sua vitória traz ao Chile: “Um crescimento que se baseia na profunda desigualdade social tem pés de barro, apenas com coesão social, encontrando-se novamente e compartilhando poderemos alcançar um verdadeiro desenvolvimento sustentado que alcance cada família chilena”.
Em diversas entrevistas Boric causou polêmica ao tratar dos Direitos Humanos e também ao afirmar que países como Estado Unidos e alguns da Europa também necessitam ser cobrados pela aplicação dos Direitos Humanos, este assunto também esteve em seu discurso de vitória.
“Que o mundo todo escute: o respeito aos Direitos Humanos é sempre e em todo lugar um compromisso inabalável e nunca, por nenhum motivo, poderemos voltar a ter um presidente que declare guerra ao seu próprio povo. Chilenos e chilenas, às vítimas de violações dos Direitos Humanos de todos os tempos: não nos cansaremos de buscar a verdade, a justiça, reparação e sem repetição”. Redação da Revista Fórum.