Além dos danos humanitários, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, sem data para terminar, já começa a gerar a chamada “inflação da guerra”, isso porque ambos os países são responsáveis pela exportação de matérias-primas para alimentos e produção siderúrgica. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (ABIMAPI), o pão e outros produtos derivados do trigo devem ficar mais caros nas próximas semanas.
A ABIMAPI informa que o Brasil produz menos da metade do trigo consumido e precisa importar grandes quantidades de cereal de países do Mercosul – principalmente da Argentina, Canadá e dos EUA. A Rússia, diz a associação, é o maior exportador de trigo do mundo e tem sido afetado economicamente pelo conflito na Ucrânia e, juntos, os dois países respondem, em média, por 30% das exportações mundiais de trigo. Além da queda da oferta de trigo, que leva a alta dos preços, um comunicado da ABIMAPI também destaca as dificuldades logísticas, pois, a guerra fechou portos e interrompeu o transportes.
“A elevação do preço do grão, impacta diretamente os valores de produção para os fabricantes das categorias representadas pela ABIMAPI. Nas massas, em média, 70% do custo é de farinha. Nos biscoitos, o peso é de 30% e nos pães e bolos industrializados, 60%”, diz o comunicado da entidade. Em seguida, o comunicado afirma que “haverá reajustes nas próximas semanas, mas, com o horizonte indefinido, já que a cada notícia da guerra, o preço do trigo no mercado internacional oscila para cima ou para baixo com valores expressivos”.
O economista e professor do Ibmec Gilberto Braga declarou em entrevista à CNN que o quilo do pão francês já está entre R$ 15 e R$ 20 em algumas regiões e que esse valor pode ficar ainda mais alto. “A continuidade da guerra poderá decretar ainda um período de novos aumentos, mas é bastante provável que esse patamar mais caro continue, pelo menos até que se tenha uma previsão de quando o conflito da Ucrânia poderá terminar”, explica o economista.
Geladeiras e automóveis também devem ficar mais caros
A guerra entre a Ucrânia e Rússia também deve deixar os eletrodomésticos, automóveis e móveis mais caros no Brasil. O receio de que o conflito afete o fornecimento de matérias-primas já encareceu insumos usados pelas siderúrgicas para produzir aço, produto usado em boa parte da fabricação de bens duráveis. A CSN, uma das principais siderúrgicas do país, anunciou aumento de 20% para os produtos que vende para a indústria, em um reajuste que será feito em duas parcelas: 12,5% no dia 1º de abril e 7,5% no dia 15.
Ao UOL, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), José Jorge do Nascimento, comentou tal cenário. “Com certeza os aumentos dos custos de produção vão chegar ao consumidor, muito por conta do insumo nacional. O aço já subiu quase 200% desde março de 2020. E se vai aumentar mais 20% ou 25%, vai ser uma tromba d’água em um copo que já está transbordando”. Redação da Revista Fórum com informações do UOL e CNN Brasil.