Os abates e exportação de jumentos para a China continuam na Bahia, desde o processo de pré-abate, quando os animais ficam armazenados em pastos em áreas de caatinga na Chapada Diamantina, antes de serem abatidos, mesmo após proibição da Justiça, determinada em Brasília, em fevereiro deste ano.
O couro da espécie é exportado para a China para a produção do ejiao, um produto medicinal sem eficácia comprovada pela ciência, mas que movimenta bilhões de dólares no país asiático.
Nos frigoríficos baianos, de Amargosa, de Simões Filho e de Itapetinga, há ainda um número alto de animais mortos mesmo após a proibição, conforme dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Estudos internacionais sobre o mercado de ejiao apontam que a pele de um único de animal é vendida na China por valores entre US$ 2 mil e US$ 4 mil (cerca de R$ 9,8 mil e R$ 19,7 mil). Considerando o menor valor, os jumentos abatidos no Frinordeste, que tem como sócios dois cidadãos chineses e um brasileiro, podem ter gerado U$ 28,8 milhões (cerca de R$ 142 milhões) nos últimos três meses.
Segundo os magistrados do TRF-1, o setor coloca em risco a existência da espécie no Brasil pela falta de uma cadeia produtiva que renove sua população, como ocorre com os bovinos, por exemplo. Logo, a produção continua por meio de duas fontes: pessoas ligadas aos frigoríficos e um documento do Mapa.
A pasta, responsável por fiscalizar diariamente a operação das empresas por meio do Serviço de Inspeção Federal (SIF), confirmou que os trabalhos não foram interrompidos depois da proibição, ao informar que o órgão não havia sido notificado pela Justiça.
Em nota à BBC News Brasil, o ministério deu o mesmo argumento para justificar por que não está impedindo a operação. Porém, o sistema da Justiça federal informa que a União, ré na ação civil pública que pediu a suspensão, foi notificada pelo TRF-1 em 16 de março.
O governo da Bahia, que também é réu na ação, foi notificado da proibição no mesmo dia, 16 de março. A Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), órgão que fiscaliza o transporte e a manutenção dos animais em fazendas do Estado, também afirmou que não foi notificada da decisão do TRF-1. Jornal da Chapada com informações de texto base de BBC News e G1 Bahia.