Um estudo recém-publicado pela revista científica ‘Nature’, uma das mais respeitadas do mundo, deve revolucionar o tratamento contra o câncer em todo o mundo. De acordo com levantamento feito pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), publicado em novembro de 2022, são esperados 704 mil casos novos de câncer no Brasil para cada ano do triênio do 2023-2025.
A estimativa do INCA partiu das ocorrências para 21 tipos de câncer mais incidentes no país e neste estudo foram incluídos o de pâncreas e de fígado. Entre os variados tipos de câncer, o do pâncreas é considerado um dos mais perigosos, isso porque ele é de difícil detecção com comportamento agressivo. Por causa disso, ele apresenta alta taxa de mortalidade decorrente do diagnóstico tardio.
No Brasil, é responsável por cerca de 1% de todos os tipos de câncer diagnosticados e por 5% do total de mortes causadas pela doença. Porém, a realidade dos pacientes acometidos pelo câncer de pâncreas pode estar perto de mudar, isso é o que mostra estudo publicado na revista Nature.
Vacina e esperança
Uma vacina de RNA, desenvolvida pela Biontech, obteve resultados promissores no tratamento do câncer de pâncreas. Em um teste clínico de fase 1 (desenhado para avaliar a segurança) o produto conseguiu induzir produção de células do sistema imune contra tumores em 50% dos voluntários que o receberam.
O imunizante foi desenvolvido pela alemã BioNtech com a mesma tecnologia que a vacina utilizada contra a Covid-19, criada em parceria com Pfizer. No caso do produto contra o câncer, os cientistas prepararam uma vacina “personalizada” para cada paciente, baseado no perfil genético do tumor.
Os pesquisadores da Biontech já haviam anunciado a vacina em 2022, mas a confirmação de que o produto conseguia de fato gerar resposta imune ainda estava pendente. Essa é a resposta publicada na revista Nature.
Ensaio clínico publicado na Nature, realizado pelo Memorial Sloan Kettering Cancer Center, de Nova York, com 16 pacientes recebeu uma aplicação da vacina após passar por cirurgias de remoção de tumor, paralelamente a quimioterapia. Os voluntários também estavam recebendo imunoterapia de anticorpos monoclonais.
Os pacientes do estudo eram todos diagnosticado com adenocarcinoma ductal pancreático, o subtipo mais prevalente e agressivo do câncer de pâncreas.
O estudo acompanhou pelo período de um ano e meio os voluntários do grupo, metade das pessoas apresentaram produção de células T do sistema imune capazes de atacar o tumor. Aqueles em que a vacina apresentou atividade não tiveram remissão (quando o câncer volta) nesse intervalo. Naqueles em que o imunizante não apresentou resposta, voltou tipicamente após 13 meses, em média.
“De forma geral, nós reportamos evidências preliminares de que uma vacina individualizada de RNA mensageiro, em combinação com imunoterapia e quimioterapia, induziu atividade substancial de células T do sistema imune nos pacientes que passaram por remoção cirúrgica do adenocarcinoma, e isso teve correlação com a demora na remissão”, escreveram na Nature os cientistas, liderados por Luis Rojas, pesquisador do Memorial Sloan Kettering.
Mas, afinal, a vacina é eficaz contra o câncer de pâncreas?
Os pesquisadores do estudo publicado na revista Nature afirmam que a primeira não foi para avaliar a eficácia da vacina e que para obter uma resposta definitiva para tal pergunta é preciso seguir para as fases 2 e 3, mas que os resultados da fase 1 são promissores.
Além disso, os autores do estudo científico ressaltaram que, apesar de o estudo em questão ser limitado, os primeiros resultados indicam que estudos maiores desse tipo de preparações se justificam. As informações são da Revista Fórum.