O vereador Valdinei Caires, preso pelo sumiço de Beatriz Pires, de 25 anos, desaparecida desde 11 de janeiro deste ano, na cidade de Barra da Estiva, na Chapada Diamantina, começou a ser investigado após interceptações telefônicas.
Beatriz Pires sumiu quando estava grávida de seis meses com um filho de 2 anos. Ela foi vista pela última vez ao entrar no carro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município. Segundo a delegacia da cidade, o veículo costuma ser usado pelo vereador Valdinei Caires.
O mandado de prisão preventiva, pelo crime de homicídio qualificado, foi cumprido na quarta-feira (21) por equipes da Delegacia Territorial de Barra da Estiva e da 20ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Brumado), na Praça Jackson Aguiar, no centro do município.
Antes de desaparecer, a jovem teria comentado com a mãe que faria uma viagem com o pai do filho dela. No entanto, a família não sabe quem é o homem, já que a identidade dele nunca foi revelada por Beatriz.
“Quando eu perguntava quem era [o pai do filho de 2 anos], ela dizia que não ia complicar ninguém, porque a pessoa tinha muita confiança nela e ela não ia complicar. É tanto que agora, que ela está grávida de seis meses, eu voltei a perguntar e ela disse que não ia complicar”, explicou.
“Aí eu falei: ‘Já que você não quer me contar quem é, me diga ao menos se é o mesmo pai?’ E ela disse que sim. Ela tinha comentado antes, que ele queria que ela fizesse um aborto desse segundo bebê, que era menino também”.
A Polícia Civil informou que as investigações apontam que o pai dos filhos de Beatriz é o vereador.
Após o desaparecimento da filha, a mãe de Beatriz, Célia Pires ficou responsável por cuidar do neto. A criança, conforme a mãe de Beatriz, apesar de muita nova, tem apresentado mudanças de comportamento depois que a jovem não foi mais vista.
O suspeito foi submetido a exames de lesões corporais e será encaminhado ao Conjunto Penal de Brumado. Em nota, a Câmara de Vereadores de Barra da Estiva informou que vai convocar uma reunião extraordinária para decidir quais medidas serão tomadas sobre o mandato do edil.
Vereador investigado
O presidente da Câmara de Barra da Estiva, Valdinei Caires, renunciou ao cargo, no dia 8 de março. Mesmo longe da presidência, o parlamentar mantém suas atividades como vereador.
Segundo Valdinei Caires informou à produção da TV Sudoeste, a renúncia do cargo foi feita para não atrapalhar o andamento dos trabalhos legislativos do município. No dia 13 de fevereiro, ao menos 10 vereadores de Barra da Estiva protocolaram na Justiça um abaixo-assinado que pedia que o presidente da Casa renunciasse.
Valdinei estava afastado da Câmara de Vereadores após apresentar atestado médico de 15 dias, que expirou no dia 10 de fevereiro.
Três dias depois, ele retornou aos trabalhos da presidência da Casa. A Delegacia de Barra da Estiva não deu novas informações sobre o caso, para não atrapalhar as investigações.
A defesa de Valdinei Caires disse que repudia às acusações contra o cliente e que, no estado democrático de direito, todos as pessoas estão sujeitas a serem investigadas, sobretudo quem se encontra na vida pública.
Ainda segundo a defesa do vereador, o parlamentar colaborou com as investigações e nada foi demonstrado sobre envolvimento de Valdinei Caires no desaparecimento de Beatriz.
Um mandado de busca e apreensão foi cumprido na Câmara de Vereadores de Barra da Estiva, no gabinete de Valdinei Caires. Uma CPU e o carro em que Beatriz foi vista antes de desaparecer foram apreendidos.
Policiais civis também fizeram buscas, com uso de cães farejadores, na casa do vereador, na cidade de Barra da Estiva, no dia 6 de abril, mas a jovem não foi encontrada. As informações são do portal g1/BA.