Cansados de lidar com efeitos colaterais dos remédios convencionais, pacientes com enxaqueca estão optando por se tratar com Cannabis
Claudia Martin convivia com dois problemas, um era a enxaqueca que causava crises diárias e o outro eram os remédios que causavam efeitos colaterais fortíssimos. Depois de 30 anos lidando com essa condição, dizia que “vivia refém: ou sofria com dores ou ficava zureta por causa dos remédios. Precisei fazer três tratamentos para gastrite ao longo dos anos, devido ao acúmulo de remédios”.
Porém, em abril de 2023, Claudia fez uma transição que transformaria sua vida. Ela trocou os remédios convencionais para tratar a enxaqueca pelo óleo de Cannabis e hoje em dia compartilha sua experiência com os produtos derivados da planta.
Histórias como a da Claudia, que trocou medicamentos convencionais pela planta no tratamento, estão ficando cada vez mais comuns. De acordo com uma pesquisa conduzida por cientistas vinculados à Universidade Yale, nos EUA, os canabinoides da Cannabis oferecem uma nova possibilidade para pessoas com essa condição debilitante e dolorosa.
Publicado na revista científica Neurology Clinical Practice, o estudo revelou que 63% dos pacientes que usam Cannabis para tratar enxaqueca reduziram ou eliminaram completamente a necessidade de outros remédios convencionais.
Trocando remédios para enxaqueca por Cannabis
Segundo os próprios autores do artigo, esse “é o maior estudo até o momento a documentar os padrões de uso de produtos de Cannabis e os benefícios percebidos para o controle da enxaqueca em uma amostra de pacientes com dor de cabeça clínica”. Mais de 1,3 mil pessoas foram ouvidas.
As motivações mais comuns que levaram essas pessoas a usar produtos com Cannabis foi o tratamento da dor de cabeça em si (65%) e da dificuldade para dormir (50%). Nesse sentido, os participantes do estudo relataram melhorias consideráveis em outros aspectos da enxaqueca, como a intensidade, duração e frequência das crises.
Na análise, os cientistas também destacaram como o tratamento para a enxaqueca com remédios derivados da Cannabis trouxe outras melhoras na vida dos pacientes.
“A maioria dos participantes relatou melhorias relacionadas ao uso da Cannabis nas características da enxaqueca (ou seja, intensidade: 78,1%; duração: 73,4%; frequência: 62,4%), náusea (56,3%) e fatores de risco (distúrbios do sono: 81,2%; ansiedade: 71,4%; depressão: 57,0%). Mais de metade (58,0%) dos inquiridos relataram utilizar produtos de Cannabis apenas quando sentiam dores de cabeça, enquanto 42,0% consumiam Cannabis na maioria dos dias/diariamente para prevenção.”
Desse modo, muitos pacientes que incluíram a Cannabis na rotina de cuidados tiveram um desfecho parecido com o da Claudia, reduzindo ou eliminando os remédios que usavam para a enxaqueca. A principal vantagem dessa troca está na redução dos efeitos colaterais dos medicamentos convencionais. Vale ressaltar que os canabinoides dificilmente causam efeitos adversos e quando causam, são leves.
Tratamentos com canabinoides
Os resultados do estudo estão em linha com análises realizadas anteriormente. Elas sugeriram que a interação dos compostos da planta com o sistema endocanabinoide é uma abordagem eficiente e segura para lidar com os sintomas da enxaqueca em substituição aos remédios convencionais. Ambos publicados em periódicos renomados, um na revista Nature e outro na Forbes.
Uma desregulação do sistema endocanabinoide está associada aos episódios de enxaqueca. Assim, os canabinoides da planta têm a capacidade de retomar o funcionamento normal do sistema e proporcionar alívio nos sintomas.
A importância do acompanhamento médico
Segundo os resultados da pesquisa, uma minoria relatou efeitos colaterais relacionados ao uso de produtos com Cannabis. Os mais frequentes foram fadiga e letargia. A melhor forma de evitar esses efeitos indesejáveis é seguir atentamente todas as orientações que o profissional de saúde fizer. Assim como marcar consultas de retorno para fazer o ajuste da dose, se necessário, para potencializar os benefícios e minimizar as possibilidades de efeitos colaterais adversos. As informações são do site Caderno Baiano.