Os sintomas duram entre um e quatro dias, causam vômito, diarreia e febre. Nos últimos dias, relatos de pessoas que enfrentam mais uma virose têm se tornado frequentes em Salvador. Trata-se da disseminação do norovírus, extremamente contagioso, que já causa alerta na capital baiana, segundo especialistas.
O vírus consegue resistir mais tempo fora do corpo humano do que outros microrganismos, o que explica o grande número de episódios em um curto período de tempo. A transmissão se dá pelo contato com pessoas doentes, compartilhamento de objetos, além de água e alimentos contaminados.
“O norovírus causa diarreia, vômito, dores fortes no estômago e febre. Ele é altamente contagioso, passando de pessoa para pessoa. Quem está com os sintomas deve usar máscara e evitar contato. Além disso, é recomendado lavar as mãos e higienizar bem os utensílios utilizados por quem está doente”, explica o virologista Gúbio Soares.
Só no laboratório de virologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), coordenado por Gúbio Soares, todas as 15 amostras testadas nos últimos dez dias deram positivos para o norovírus. “Por hora, ainda são poucas amostras, mas podemos dizer que há um novo surto”, conclui o especialista.
A identificação de amostras positivas no laboratório acende o alerta para o contágio acelerado. Foi do laboratório de virologia que surgiu o sinal vermelho para o último surto de norovírus em Salvador, em maio de 2022. Agora, há relatos de emergências de hospitais particulares cheias de pessoas que buscam atendimento.
Apenas uma parte das pessoas com sintomas recebe o diagnóstico específico da doença, como explica o infectologista Victor Castro Lima. “Como a grande maioria das doenças diarreicas agudas tem comportamento autolimitado, reservamos os testes para situações de maior gravidade, como quando o paciente precisa ser internado, por exemplo”, diz.
As idas repetidas ao banheiro, pelos vômitos ou diarreias, são os sintomas mais clássicos da contaminação pelo norovírus. Quando possível, os doentes devem utilizar um banheiro separado dos demais moradores da casa para evitar a disseminação da doença. As fezes líquidas ou amolecidas podem causar desidratação, o que agrava os quadros especialmente de idosos e crianças.
A médica infectologista Clarissa Cerqueira também tem notado o aumento de pacientes com os sintomas citados. “Tenho percebido o aumento de casos de viroses intestinais. Identificamos casos de norovírus e rotavírus também”, diz. Ambas as doenças são transmitidas através da ingestão de alimentos contaminados e contato com pessoas doentes. Há vacina disponível para o rotavírus, indicada para bebês de até seis meses.
No caso de Mariana Cardoso, de 25 anos, os sintomas duraram menos de 48 horas, mas foram suficientes para ela não conseguir trabalhar. “Na semana passada eu acordei me sentindo mal, indisposição e falta de apetite. Fui trabalhar, mas os sintomas pioraram muito, com dores fortes no estômago e vontade de vomitar. Acabei voltando para casa e fiquei em repouso”, conta.
A jovem passou o dia sem conseguir se alimentar e foi constantemente ao banheiro. “O pouco que eu comia, por causa da falta de apetite, vomitava em seguida”, diz. Mariana não chegou a ir ao médico e acordou se sentindo melhor no dia seguinte. “Três dias depois eu tive outro mal-estar. Foram os mesmos sintomas, só que menos intensos”, completa.
A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) e a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) foram questionadas sobre o aumento de atendimentos de pessoas com sintomas semelhantes aos causados pelo norovírus, mas não houve retorno até a finalização desta matéria. Jornal da Chapada com informações do portal Alô Alô Bahia.