O condutor de trilhas Rafael Lage, com 15 anos de atuação na Chapada Diamantina, denunciou formalmente irregularidades no funcionamento de agências de turismo que operam na trilha do Vale do Pati. Em entrevista ao Correio, Rafael afirmou que empresas têm formado grupos grandes com poucos guias para reduzir custos, o que, segundo ele, compromete a segurança dos turistas e as condições de trabalho dos condutores.
A denúncia foi protocolada no Ministério Público Federal (MPF) e, posteriormente, no Ministério Público do Trabalho na Bahia (MPT-BA). Embora o documento tenha sido construído de forma coletiva, apenas Rafael assinou a peça, pois outros guias relataram receio de sofrer retaliações.
Desde a divulgação das denúncias, Rafael relata ter sido alvo de ameaças e agressões. Segundo ele, o caso mais grave ocorreu em 20 de junho, quando foi agredido fisicamente. Ele associa os episódios a uma tentativa de intimidação após se posicionar publicamente sobre as condições enfrentadas pelos profissionais da área.
“A princípio, fui hostilizado através de mensagens agressivas e intimidadoras no ambiente virtual, mas que no dia 20 de junho se concretizaram em agressões físicas”, relatou.
Rafael também questiona a ausência de fiscalização por parte do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela supervisão das atividades turísticas na região. Segundo o condutor, não há regulamentação clara sobre a proporção ideal entre número de turistas e guias por grupo.
“Essas agências estão comprometidas apenas com o lucro. Formam grupos muito grandes, com poucos guias, o que sobrecarrega os trabalhadores e empobrece a experiência do turista”, afirmou.
Nos últimos meses, de acordo com o guia, cinco acidentes com traumatismo foram registrados na trilha do Vale do Pati, um número considerado atípico para a região. Para ele, os incidentes reforçam a necessidade de regulamentação e fiscalização das atividades.
“Essa sequência de acidentes vai criando uma imagem negativa para a Chapada Diamantina, como se fosse um local perigoso, quando na verdade não é, se for feito com bons profissionais e agências responsáveis”, declarou.
Apesar das ameaças, Rafael mantém a intenção de seguir com as denúncias e defende a atuação das autoridades para garantir segurança aos guias e turistas.
Jornal da Chapada














































