Um estudo publicado na revista científica JAMA Network Open revelou que pessoas com síndrome das pernas inquietas (RLS) têm 60% mais chances de desenvolver a doença de Parkinson em comparação com aquelas que não apresentam o distúrbio. A análise, conduzida por três hospitais de pesquisa da Coreia do Sul, utilizou dados do Korean National Health Insurance Service entre 2002 e 2019.
O levantamento envolveu 19.838 participantes, sendo 9.919 com RLS e o mesmo número sem a condição. Ao longo de 17 anos de acompanhamento, 1,6% dos pacientes com RLS desenvolveram Parkinson, contra 1% dos indivíduos sem o distúrbio.
A síndrome das pernas inquietas, também chamada de doença de Willis-Ekbom, é uma condição neurológica caracterizada por uma necessidade irresistível de mover as pernas, geralmente durante o repouso ou o sono, o que pode comprometer significativamente a qualidade de vida.
O que é o Parkinson
O Mal de Parkinson é uma doença neurodegenerativa crônica e progressiva, que afeta as células responsáveis pela produção de dopamina no cérebro.
Estima-se que cerca de 10 milhões de pessoas no mundo vivam com a doença, que causa lentidão dos movimentos, rigidez muscular e tremores, além de sintomas não motores como alterações do sono, mudanças de humor e perda do olfato.
Cerca de 30% dos pacientes desenvolvem algum grau de demência associada ao avanço da doença.
Dopamina e o elo entre as duas condições
Os pesquisadores dividiram os pacientes com RLS em dois grupos: os que utilizaram agonistas de dopamina — medicamentos que estimulam os receptores desse neurotransmissor — e os que não fizeram uso da droga.
Entre os pacientes tratados, apenas 0,5% desenvolveram Parkinson, enquanto entre os que não receberam o medicamento a incidência foi de 2,1%.
Embora os cientistas reforcem que os dados não comprovam um efeito protetor da dopamina, os resultados sugerem uma possível ligação biológica entre os distúrbios, abrindo espaço para novas pesquisas.
O que é a síndrome das pernas inquietas
A RLS afeta entre 5% e 8% da população, sendo mais frequente em mulheres e pessoas acima dos 40 anos.
Segundo o reumatologista Marcelo Cruz Rezende, membro da Comissão de Dor da Sociedade Brasileira de Reumatologia, o desconforto tende a piorar à noite e melhorar com o movimento.
“Em casos mais graves, a condição pode prejudicar o sono e comprometer a vida do paciente”, explica Rezende.
De acordo com a cirurgiã vascular Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, o tratamento pode incluir massagens, calor, exercícios físicos e eliminação da cafeína.
Nos casos mais severos, medicamentos que aumentam a dopamina ou modulam canais de cálcio podem ser indicados.
Jornal da Chapada

















































