Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump devem se encontrar neste domingo (26/10), durante a 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), em Kuala Lampur, na Malásia. A reunião, tratada como certa nos bastidores, deve ocorrer por volta das 18h (horário local), ou 7h em Brasília.
A Malásia é considerada um “terreno neutro” para o início das negociações entre os dois países sobre o tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. A expectativa é que o encontro envolva concessões no setor de carnes, enquanto o governo norte-americano deve priorizar temas como desregulação das big techs e entrada do etanol no mercado brasileiro.
Entre os assuntos que também devem ser tratados por Lula estão: a atuação dos EUA na Venezuela, a Lei Magnitsky e a participação americana na Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas de 2025.
A primeira sinalização sobre o encontro partiu de Trump, que, ao embarcar para a Malásia neste sábado (25/10), afirmou ter “disposição para o diálogo” e possibilidade de revisar as tarifas.
“Eu acredito que vamos nos encontrar de novo, nos encontramos na ONU brevemente”, disse o presidente dos EUA, ao indicar que poderia reduzir a tarifa geral de 50% sobre produtos brasileiros “sob as circunstâncias corretas”.
Em resposta, Lula declarou estar otimista com o encontro:
“Eu espero que aconteça. Eu vim aqui com a disposição de que a gente possa encontrar uma solução. Mas tudo depende da conversa. Eu trabalho com otimismo de que a gente possa encontrar uma solução.”
O presidente brasileiro reforçou ainda:
“Não tem exigência dele, e não tem exigência minha ainda. Eu vou colocar na mesa os problemas, e vou tentar encontrar uma solução. Então, pode ficar certo de que vai ter uma solução.”
Apesar do clima diplomático, fontes dos dois governos afirmam que um eventual desencontro poderia ser visto como cancelamento e gerar ruídos políticos.
Clima de disputa e críticas indiretas
Mesmo com o tom mais ameno, o ambiente entre os dois líderes ainda é de disputa. Lula comentou durante passagem pela Indonésia que a alta no preço da carne nos EUA é um reflexo das barreiras impostas ao Brasil.
“Não há nenhum sentido a gente tomar medidas que possam prejudicar alguém. O presidente Trump sabe que o preço da carne lá está muito alto, é preciso baixar o preço da carne, sabe que o cafezinho vai ficando caro”, afirmou Lula.
Durante discurso ao primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim, Lula também mandou recados indiretos a Trump:
“Para um governante, andar de cabeça erguida é mais importante que um Prêmio Nobel. Cuidar das pessoas mais humildes é quase que uma obrigação bíblica.”
O petista criticou ainda a guerra na Ucrânia e o massacre na Palestina, afirmando que instituições multilaterais como a ONU deixaram de cumprir seu papel.
“Todas as guerras acontecidas nos últimos tempos foram determinadas por gente que faz parte do Conselho de Segurança da ONU. E que não consultou, e que não aprovou em nenhum fórum.”
Lula concluiu seu discurso defendendo o livre comércio e o humanismo:
“Precisamos de paz, e não de guerra. Precisamos de livre comércio, e não de protecionismo.”
Jornal da Chapada














































