Após o governador Jaques Wagner reforçar em alto e bom som que o anúncio do nome do candidato a vice-governador só será feito após o Carnaval, não passou despercebido ele ter aventado de forma clara a possibilidade de uma reviravolta no processo e, ao invés de escolher entre o pedetista Marcelo Nilo e o progressista Mário Negromonte como esperado, indicar uma mulher para o posto. Postulantes não faltariam para o desafio.
“Sempre achei a ideia simpática. Temos muitas mulheres da política no nosso grupo e que têm valor para sentar na cadeira de vice-governador.Quero conversar com os partidos sobre essa questão que se coloca. E ficar satisfeito conseguindo um denominador comum com uma representante das mulheres na vice”, ressaltou em entrevista à Record Bahia.
Num claro recado aos que se digladiam pelo posto, o líder do Executivo estadual disse ainda que: “Esse assunto não é para ficar em jornais”. Embora a comunista Alice Portugal prefira cautela, seu nome vem sendo cogitado como forte para o páreo. Reforçando a tese, seu próprio partido enviou nota para a imprensa frisando que a Comissão Política do PCdoB na Bahia se reuniu, na última segunda-feira (3/2), em Salvador, para discutir, mais uma vez, a construção da chapa majoritária encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
No encontro, conforme documento, foi reafirmada a tese defendida pelo partido de que a chapa precisa ter, além de uma presença feminina, também um perfil de esquerda.
PCdoB defende um perfil de esquerda
O perfil de esquerda é necessário para manter a mesma identidade que o projeto tinha nas disputadas anteriores, como afirmou o presidente do PCdoB-BA, deputado Daniel Almeida. “Para este ano, devemos dialogar com setores que, tradicionalmente, apostam na esquerda, como os servidores públicos, os intelectuais, a juventude. Ter uma mulher na chapa também é importante na disputa da Bahia e do Brasil”.
Mais além, Daniel Almeida fez questão de frisar que: “Não estamos disputando a vice, nem pedindo apoio, mas discutindo uma estratégia para vencer as eleições. A nossa estratégia é ter uma chapa com perfil de esquerda e com a presença de uma mulher”.
O resultado do encontro da Comissão Política foi levado ao governador Jaques Wagner, que recebeu, além de Daniel Almeida, também os integrantes Alice Portugal, Péricles de Souza, Haroldo Lima e Davidson Magalhães, ainda na segunda-feira.
Comprovando que a possibilidade ganha força, o deputado federal Valmir Assunção (PT) sugeriu mais um nome feminino para a disputa. “Tanto no PCdoB quanto no PP, em todos os partidos tem mulheres que podem corresponder às expectativas. Eliana Boaventura, ex-deputada de Feira de Santana, é um nome do PP. Poderia ser”, citou, em entrevista ao Bahia Notícias. Valmir ainda citou como alternativa a recém-empossada secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Andréa Mendonça (PDT), e defendeu que a vice-candidatura seja preenchida por uma mulher. “Eu sou daqueles que acham que o PT hoje tem paridade: 50% homem, 50% mulher nas suas direções. Acho que seria bom se tivéssemos na chapa majoritária esse perfil, tendo como candidato a governador Rui Costa e, para vice, uma mulher”, reforçou o parlamentar.
O cacique do PP, Mário Negromonte, por sua vez, mantém o discurso de que não importa o gênero para a indicação da vice, mas a “força política” para agregar na composição. Porém, ainda assim, destaca que não faltam quadros qualificados ao PP e cita também a gama de nomes femininos que podem ser colocados na posição, como a prefeita de Jequié, Tânia Brito, e a ex-deputada Eliana Boaventura. Extraído da Tribuna da Bahia.