Foi uma semana de muita tensão para os baianos, uma semana que deveria ser de tranquilidade porque é o período da Páscoa. Mas, infelizmente, em decorrência de uma decisão completamente precipitada e unilateral que atropelou o processo de negociação que estava em curso, os baianos foram surpreendidos por um movimento que trouxe de volta o medo e a insegurança. “Eu tive que reagir mantendo a serenidade, mas com muita firmeza, com muito pulso, como fizemos”, afirma o governador Jaques Wagner.
A paralisação dos policiais militares é o assunto que abre o programa de rádio ‘Conversa com o Governador’ desta semana. Jaques Wagner fala, também, sobre sua agenda de trabalho no interior do Estado, a entrega de 54 quilômetros de estrada em Gentio do Ouro, nesta quinta-feira. Na sexta-feira, em Camaçari, tem a entrega de 1.500 unidades do Minha Casa, Minha Vida, e sábado, em Santa Cruz da Vitória, mais uma etapa do Programa de Rastreamento do Câncer de Mama.
O governador inicia o programa falando sobre como vem enfrentando esses dias tensão: “Evidentemente, com muita preocupação. É claro que foi uma semana de muita tensão, uma semana que deveria ser de tranquilidade, porque é a semana da Páscoa. Mas, infelizmente, em função de uma decisão que eu considero completamente precipitada e unilateral, na medida em que é público que nós estávamos em um processo intenso de negociação – chegamos a assinar com uma das lideranças a proposta que ao final foi recolocada, e eles voltaram após 35 horas de greve. Mas era totalmente desnecessário fazer o povo baiano passar por esse sofrimento, essa tensão toda”.
Graves consequências
Ele destaca uma das graves consequências daquela decisão precipitada: “Um volume de assassinatos que cresceu muito em relação a um igual período de normalidade, inclusive com a perda da vida de cinco policiais militares, que no seu dia a dia colocam a própria vida para defender a vida de todos. Então, eu realmente considero que foi totalmente impróprio, além de ser ilegal e inconstitucional”.
“Tivemos que tomar as atitudes que eram necessárias. Eu tive que reagir mantendo a serenidade, mas com muita firmeza, com muito pulso, como fizemos. Então, espero que a gente tenha a normalização total, que já está acontecendo. Estou avaliando com o ministro da Justiça e também com o general que comanda as ações da Garantia da Lei e da Ordem, todos os dias, fazendo um balanço para ver o momento que a gente possa suspender a Garantia da Lei e da Ordem, mas não tem data marcada para isso. Vai depender dessa avaliação diária”, completa. Sobre as negociações que envolvem remuneração e melhores condições de trabalho para os policiais o governador assegura: “Tudo que a gente negociou, representa um avanço significativo para a categoria”.
Realidade
“Eu quero de novo chamar à atenção de todos para a realidade que a Bahia é o terceiro pior orçamento de governo per capita do País. Ou seja, eu tenho a terceira pior condição no sentido de governar e, mesmo assim, reconhecendo a importância da segurança, a questão toda do Pacto pela Vida, a gente ao longo desses sete anos e meio colocou inclusive no caso de soldados e cabos, o nosso salário é o quinto ou o sexto melhor do País, mesmo eu tendo o terceiro pior orçamento per capita do País”, completa.
“Eu vou continuar nesse esforço, ampliando quadros, qualificando quadros, ampliando a nossa inteligência, ampliando as condições de trabalho dos policiais, fazendo melhorias que possam dar mais estímulo como foi, por exemplo, o Plano de Desempenho Policial dentro do Pacto pela Vida – tinha acabado de pagar -, e é isso que, sinceramente, às vezes me entristece e até me choca. Eu não entendo. Tínhamos acabado de pagar o Prêmio Desempenho Policial, criado no meu governo exatamente para estimular a luta contra os homicídios, e de repente se joga tudo por água abaixo, quando você tem uma subida violenta do número de assassinatos pela decisão de tirar os policiais da rua…”
“Mas eu vou continuar firme na minha condução. Acredito que a negociação é parte da democracia, vou continuar praticando isso, mas exigindo evidentemente a disciplina, a hierarquia e a garantia da segurança pública para os baianos”, conclui Wagner.