No entra e sai dos gabinetes, nos corredores na Assembleia Legislativa, a disputa pela presidência da Casa e a divisão dos cargos da mesa-diretora movimentam as conversas dos deputados. Embora o atual presidente Marcelo Nilo (PDT), busque caminhar a passos largos na conquista do quinto mandato, cresce o rumor de que a sua permanência é ameaçada pela articulação dos demais candidatos e mais ainda pela expectativa de empenho do governador eleito Rui Costa (PT). Apesar de Nilo afirmar ter o apoio de um grande número de parlamentares que teria criado uma relação de interdependência nos últimos oito anos, tendo à disposição cargos e benesses pessoais, consta que o PT, cujo candidato é Rosemberg Pinto, teria cartas na manga para apresentar aos pares e obter apoio na eleição secreta. Além disso, soma-se o argumento forte de renovação no comando e fim da reeleição, bastante defendido, pelo líder do PSD e também aliado de primeira hora, Alan Sanches, que teria a simpatia também do governador a ser empossado.
Antes de tirar os dias de descanso, Rui disse que não iria influenciar no processo da Assembleia, porém acredita-se que essa defesa será desconstruída. Há quem lembre que o governador Jaques Wagner (PT) também dizia que a questão se restringia ao ambiente Legislativo, mas depois abria o jogo e ajudava na eleição de Nilo. Ainda que se especule o posicionamento de Rui, a questão é uma incógnita e pode reverberar na decisão que só vai acontecer em fevereiro de 2015. Há anseios em torno do estilo de Rui de governar e se ele irá se relacionar com o diálogo que prometeu.
A sinalização sobre uma possível interferência foi dada pelo vice-governador eleito, o deputado federal, João Leão (PP). O progressista se reuniu com a sua bancada na Assembleia Legislativa e foi decidido o apoio ao candidato que Rui apoiasse. Uma suposta intercessão de Wagner a Rui seria também aguardada, mas, a favor de Nilo, já que o próprio governador que se despede do segundo mandato já disse que por ser uma nova legislatura não via problemas no fato de o pedetista ser reeleito.
Contudo o que vale, conforme os envolvidos é a construção da caminhada. Foi por acreditar nesse aspecto que os candidatos se anteciparam. A interpretação é de que as posições na mesa ajudam no fortalecimento do mandato por abrirem maior perspectiva de poder, com mais oferta de espaço. Nilo tem trabalhado intensamente para ganhar adesões. Ele tomou café da manhã ontem no Hotel Fiesta com o deputado estadual eleito Fábio Souto (DEM). O democrata será uma das vozes da oposição no Legislativo. “Fábio Souto disse que olha com bons olhos a minha candidatura, que irá reunir a oposição e defender o meu nome”, contou Nilo.
Ele se encontrou ainda com os deputados eleitos Jânio Natal (PRP), Alan Castro (PTN), Jurandy Oliveira (PRP) e David Rios (PROS). “Óbvio que Rosemberg precipitou a sucessão e com isso estou conversando com os deputados sobre o assunto”, disse. O pedetista quer alinhavar o apoio dos oposicionistas e conforme o próprio informou reservou a 1ª Secretaria para o grupo. Mas, a bancada não revela o jogo. Consta que muitos cálculos estariam sendo feitos nos bastidores e os deputados dizem que o martelo não foi batido.
“Não sentamos para discutir ainda. Precisamos ouvir todos os pré-candidatos, pois não tem só Marcelo. Vamos ouvir os três (Nilo, Rosemberg e Alan) e fecharmos uma posição”, disse o vice-líder oposicionista, Carlos Gaban (DEM). O líder do governo, Zé Neto (PT) considera que há precipitação em torno do assunto. “Não resolve agora. Estamos discutindo uma coisa que não é nossa, mas pertence à próxima legislatura”, afirmou. Extraído da Tribuna da Bahia.