Aconteceu entre os dias 08 e 11, na Chapada Diamantina, uma viagem com a imprensa envolvendo quatro veículos de comunicação do estado da Bahia. A finalidade da saída de campo com um grupo seleto de jornalistas e fotógrafos – da mídia impressa, da TV e de um portal da internet- foi conhecer de perto a situação da água na bacia do rio Paraguaçu e as iniciativas positivas existentes na região fortalecidas pelo projeto Semeando Águas no Paraguaçu.
A programação incluiu visitas à nascente do rio Paraguaçu, à barragem do Apertado, ao Morro do Pai Inácio, ao rio Preto, à gruta da Pratinha e ao rio Serrano. Além das paisagens naturais os participantes da viagem percorreram também os viveiros de mudas de Caraíbas, da Associação das Caraíbas e Grupo das Marias, a comunidade do Rozeno e o viveiro de mudas dos índios Payayá, em Utinga. Durante todo o trajeto, os jornalistas foram recebidos por representantes de organizações sociais e pessoas locais que estão trabalhando no campo para reverter o processo de degradação do meio ambiente e promover a conservação dos recursos hídricos da bacia do Paraguaçu.
“Dada a importância dessa bacia e o contexto de estiagem e mudanças climáticas, o qual vivemos hoje, consideramos crucial a organização de uma viagem que propiciasse aos jornalistas a possibilidade de verem pessoalmente o que está sendo feito no campo e terem acesso a uma pauta bastante atual envolvendo a questão da água,” pondera Rogério Mucugê, coordenador do projeto Semeando Águas no Paraguaçu.
Considerado o maior rio totalmente baiano – com 614 quilômetros de extensão, o Rio Paraguaçu nasce na Chapada Diamantina e deságua na Baía de Todos os Santos. A bacia do Paraguaçu é uma das mais importantes do estado da Bahia, sendo fundamental para o abastecimento de água da região metropolitana de Salvador, representando 60% do abastecimento de água dessa região. Além disso, a saúde dessa bacia hidrográfica é fundamental para o abastecimento de água para cerca de 2,3 milhões de pessoas em 86 municípios do estado.
Diante de sua magnitude e grandeza, o rio Paraguaçu apresenta hoje problemas significativos com relação à qualidade e à quantidade da água. Por conta desse contexto, o projeto Semeando Águas no Paraguaçu, junto com seus parceiros, está promovendo ações no campo e reunindo diversos atores para fortalecer uma gestão eficaz e sustentável dos recursos hídricos, com o intuito de auxiliar o processo de revitalização da bacia do rio Paraguaçu para que ela continue provendo água de qualidade em quantidade suficiente para atender aos diversos fins dos inúmeros usuários e beneficiados.
O projeto Semeando Águas no Paraguaçu tem por objetivo mobilizar os agentes locais em prol da recuperação ambiental da bacia do rio Paraguaçu e implantar ações que sirvam como referência para a adequação ambiental das propriedades rurais e de restauração ecológica em áreas de matas ciliares e nascentes. A iniciativa, que conta com o patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, é coordenada pela organização ambientalista Conservação Internacional (CI-Brasil), e tem a parceira da Secretaria do Meio Ambiente da Bahia (Sema) e do Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).
Com duração de dois anos, o projeto Semeando Águas no Paraguaçu tem um investimento total de R$ 2,9 milhões. Embora a iniciativa tenha ações que abrangem toda a bacia do rio Paraguaçu, o foco de atuação é mais concentrado no Alto Paraguaçu, região de encontro de três biomas – Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado, com diversos ecossistemas associados a esses biomas, e que engloba os municípios de Andaraí, Barra da Estiva, Boninal, Bonito, Ibicoara, Iraquara, Lençóis, Mucugê, Morro do Chapéu, Mulungu do Morro, Palmeiras, Piatã, Seabra, Souto Soares, Utinga e Wagner. As ações previstas e em execução incluem a geração de informações técnicas sobre a bacia e a região, a disseminação de informações sobre adequação e regularização ambiental de propriedades rurais, sensibilização e capacitação de atores locais, formadores de opinião, educadores, lideranças rurais e outros públicos estratégicos em temas e ações de conservação no Alto Paraguaçu.
“Até o momento, por meio de oficinas, já conseguimos fomentar a criação da Rede de Sementes e Mudas do Alto Paraguaçu, a qual tem como desafio dinamizar o processo de restauração na região e manter a conexão entre coletores de sementes, viveiristas e restauradores e também promovemos o intercâmbio entre a Rede Brasileira de Sementes com a recém formada Rede de Sementes e Mudas do Alto Paraguaçu”, ressalta Erika de Almeida, Mobilizadora e Educomunicadora do projeto Semeando Águas no Paraguaçu. Erika enfatiza ainda que, “as oficinas proporcionaram muitos momentos de diálogos e trocas de experiências entre o público envolvido e serviram para construir ações coletivas para o desenvolvimento da atividade na região”.
As ações do projeto contemplam ainda a elaboração do plano estratégico para manutenção e recuperação da capacidade hídrica da bacia, em parceria com o Comitê de Bacia do Paraguaçu e demais parceiros. Entre as etapas previstas estão a realização do diagnóstico socioambiental e do mapeamento da cobertura e uso do solo no Alto Paraguaçu,o fomento à adequação ambiental e inclusão no Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (CEFIR) de propriedades rurais do Alto Paraguaçu, e a implantação de unidades demonstrativas de restauração ecológica em áreas de matas ciliares e nascentes, nos municípios de Barra da Estiva, Mucugê e Ibicoara, onde estão concentradas as principais nascentes do rio Paraguaçu, sempre em parceria com órgãos ambientais.