Dando continuidade a nossa série de trekking no Parque Nacional da Chapada Diamantina (Parna), trazemos outra região pouco explorada, mas de beleza sem igual. É o povoado da Raposa, no município de Iramaia, no extremo sul da Chapada Diamantina. Mas antes de apresentar os encantos da Raposa, vamos conhecer um pouco da história de Iramaia. O município nasceu de uma fazenda denominada Almas do Sincorá, onde foi construída uma estação e uma casa para o agente fiscalizador da construção da Ferrovia Leste Brasileira. Ao lado dessa casa foram se erguendo muitas outras, residenciais e comerciais, e assim surgiu o povoado. Posteriormente seu topônimo foi mudado para Iracema.
Segundo antigos moradores, acredita-se que essa região era habitada por uma tribo indígena chamada Maia. Passou por essa região, o guerrilheiro Carlos Prestes e sua comitiva à procura de pedras preciosas. Uma índia da tribo teria fugido com a ´Coluna Prestes´, deixando com ódio toda a tribo, então o nome mudou para Iramaia (Ira significa ódio e Maia significa Tribo). Em 1933, Iracema passou a se chamar Iramaia e, em 1958, foi emancipada e desmembrada do território de Barra da Estiva.
Iramaia possui diversos segmentos para o turismo como grutas, cachoeiras, pinturas rupestres, diversas opções de trilhas, a cultura viva da Folia do Boi Janeiro e do Terno de Reis, as ruínas da Estrada Real (criados pela Coroa Portuguesa durante o período do Brasil Colônia), cultura local e culinária típica sertaneja. Destaque para a Gruta do Bom Jesus, a Serra do Sincorá, a Cachoeira das Andorinhas e a Cachoeira da Raposa. O povoado de Raposa representa bem essa diversidade.
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Raposa
Localizado no divisor dos municípios de Iramaia (a 41km da sede) e Ibicoara (a 18km), o povoado da Raposa – encravado no meio da Serra do Sincorá – possui 63 habitantes e uma arquitetura rural do século XVII com casas de adobe, camping e hospedagem rural. Em Raposa existem 26 cachoeiras, a maioria pouco explorada. Destaque para as quedas da Raposa e do Fundão, além de cânions e um sítio arqueológico com três das quatro lapas que existem na região: Lapa do Valtinho, Lapa de Zé de Bernardino e Lapa da Vendinha, que abrigam aproximadamente 800 gravuras de pinturas rupestres.
O turista ainda tem a opção de fazer um passeio a cavalo na Estrada Real da Serra do Sincorá. O ecoturismo está começando a despertar no povoado. Segundo o guia e morador da Raposa, Flávio Marçal, “aqui é tudo novo aos olhos do turismo regional. Eu ajudei a semear a semente e ela está germinando. O município não possui Secretaria de Turismo, mas Raposa possui um povo hospitaleiro e amigo. Agora estamos formando uma associação de guias”.
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Trekking em Raposa
No povoado existem 17 opções de roteiros, atualmente realizado pelos guias, com trilhas de grande ou pequeno percurso. Conheça agora uma das opções de travessia na Raposa, realizada pelo guia Flávio Marçal.
1º dia:
Caminhada de duas horas, saindo do povoado da Raposa com destino à Lapa do Valtinho (Lapa com 320 desenhos rupestres e 70 metros de comprimento). Mais 3 horas de caminhada em direção ao Rio da Raposa, que possui quatro cachoeiras expressivas: Poção, Dourado, Nills e Parafuso. Mais uma hora de caminhada e chegar à Cachoeira da Vendinha. Seguir por duas horas até a Estrada Real, onde será o pernoite. Acampar na Serra do Sincorá, com vista deslumbrante para a Caatinga Sul e Chapada Norte.
2º dia:
Na manhã do dia seguinte, seguir pela Estrada Real até a Cachoeira da Raposa por cima (queda com 170 metros de altura). Mais quatro horas de trilha até a queda da Raposa por baixo. Retornar para o povoado, descansar.
3º dia:
Sair pela manhã para a Cachoeira do Licuri, via Raízes, trilha com 4 horas de caminhada. Aproveitar o banho e retornar para a Raposa.
Como chegar
O município de Iramaia fica a 311 km de Salvador e o povoado da Raposa a 41km da sede. Partindo de Salvador, pode chegar em Iramaia de carro ou de ônibus. De carro, pela BR-324, sentido Feira de Santana, seguir pela BR-116, passando por Itatim e Milagres. Depois seguir até o entroncamento da BA-026, passando por Itiruçu, Maracás e Contendas do Sincorá. A partir daí seguir pela BA-407 por 59 km até Iramaia.
Para maiores informações sobre as condições das estradas, acesse o site do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). De ônibus pela empresa Águia Branca, partido do Terminal Rodoviário de Salvador. Para informações sobre ônibus consultar o site da Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicações da Bahia (Agerba).
Jornal da Chapada