Após muita dificuldade, o tratamento de hemodiálise foi iniciado nesta quarta-feira (12), no garimpeiro Coriolando Rocha de Oliveira, famoso pela participação em documentários sobre a história da Chapada Diamantina. Morador de Lençóis, ele criou um museu do garimpo em sua casa.
Com o agravamento da sua condição de doente crônico dos rins e do coração, a família o transferiu em ambulância particular na terça para Itaberaba. Neta do ex-garimpeiro, Laís Sá não escondeu sua revolta: “Meu avô passou vários dias esperando um leito de UTI. Fizemos todo o processo burocrático, mas o estado não disponibilizou vaga. Mandaram para casa porque o hospital em Seabra não tem os recursos para cuidar da saúde dele”.
A terapia é realizada em Itaberaba, cidade também da Chapada, a 136 km de Lençóis. Coriolando Rocha de Oliveira, que no próximo dia 15 completa 88 anos, fora internado em um hospital de Seabra, mas não conseguiu uma vaga de UTI nem um tratamento adequado ao seu estado de saúde. Voltou para casa, onde passou o último final de semana acompanhado por profissionais de saúde.
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Embora a família acreditasse que seu nome permanecia na lista de espera por um leito de UTI desde a internação em Seabra, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) disse terça-feira que o nome do paciente não consta mais na lista da regulação estadual. Sem esclarecer a razão de não disponibilizar a vaga na semana passada, a nota da Sesab enfatizou que o novo pedido por uma vaga de tratamento intensivo deve ser encaminhado por uma unidade de saúde. “Somente assim poderemos avaliar a situação e ajudar”.
Conforme o professor Ernesto Jazade, genro do garimpeiro aposentado, a família está disponibilizando acompanhamento com nefrologista e cardiologista em Itaberaba “de modo que ele tenha todo conforto que pudermos oferecer, pois os médicos indicaram que o quadro dele é muito grave”. Por ser muito conhecido, Coriolando ainda recebia até o mês de maio turistas em sua casa. Ali, ele reproduziu o cenário de um garimpo, em tamanho reduzido, para mostrar as técnicas usadas no ofício. O lugar é chamado de Museu do Garimpo.
“Meu avô contribuiu com a preservação e a difusão da cultura garimpeira. Participou de programas e deu muitas entrevistas no Brasil e do mundo, sempre divulgando a região, o que ele fazia com muito amor. Agora ele precisa de ajuda”, desabafou Laís. “Ele é um patrimônio vivo e a gente fica triste em saber que está doente e a família não consegue apoio”, disse a professora Jandira Gomes, que por mais de uma vez passou na casa do seu Cori “sempre com turmas diferentes, para ver ele contar a história desta região”. Matéria extraída do Jornal A Tarde.