Principal nome da oposição no país, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, não acredita que haja capacidade na presidente Dilma e no seu partido, o PT, para retirar o Brasil da crise atual. O tucano esteve em Salvador na última sexta (6) para discutir Segurança Pública em um seminário organizado pelo PSDB como parte da construção de uma nova agenda para o país. No entanto, o assunto ficou em segundo plano diante das duras críticas de Aécio ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT).
Em entrevista exclusiva à Tribuna da Bahia, o senador apontou erros como as mentiras, as distribuições de espaços para aliados políticos e disse que falta confiança e credibilidade para o governo petista enfrentar a crise e recolocar o país na rota do crescimento econômico. Aécio também comentou os resultados das operações Lava Jato e Zelotes, falou sobre as expectativas quanto ao processo de impeachment da presidente da República e afirmou confiar na justiça quanto à apuração e penalização dos responsáveis pelo que ele chama de verdadeiros crimes contra a democracia. Confira a entrevista completa.
Tribuna – Como o senhor está vendo as operações Zelotes e Lava Jato, que investigam atos de corrupção no governo do PT?
Aécio Neves – Em momento de crise tão grave como esse, de pessimismo generalizado, de desânimo da sociedade brasileira, se há uma coisa de positiva é que as nossas instituições estão funcionando. O poder judiciário cumpre o seu papel, o Ministério Público também, da mesma forma que assistimos os tribunais, tanto o de Contas (TCU) quanto o Superior Eleitoral (TSE), cumprindo o papel que a constituição determina, independente de contrariar A ou B. O que estamos assistindo é a caracterização da maior organização criminosa que já se constituiu no estado brasileiro em benefício de um projeto de poder.
Se nós, na campanha eleitoral, já denunciávamos as irregularidades na Petrobras, no setor elétrico e entre tantos outros, agora essa operação está permitindo aos brasileiros conhecer a dimensão do mal que esse projeto do PT tem feito ao Brasil. Na verdade, eles abdicaram de um projeto inovador, que tiveram a oportunidade de fazer, inclusive com o apoio de milhões de brasileiros, para se dedicar a um projeto de manutenção do poder a qualquer custo.
Tribuna – As investigações têm chegado muito próximas do ex-presidente Lula. O senhor acredita que ele será atingido?
Aécio – Eu não torço pelo infortúnio pessoal de quem quer que seja, nem mesmo do ex-presidente Lula. A minha disputa com ele é na política. Mas todos aqueles que cometeram ilegalidades, ou que permitiram que irregularidades e crimes tenham sido cometidos, devem responder por isso, porque seria um grande retrocesso se as instituições deixassem de apurar desvios pela patente daquele que é denunciado. O presidente e os seus companheiros de partido devem ter a oportunidade de se defender, de explicar as suas participações nestes episódios.
O que é grave e parece já constatado pela justiça é o que levou a prisão de algumas das principais figuras do PT, como o ex-ministro José Dirceu, como mais um tesoureiro do partido. O que fica claro nessa organização criminosa que se estabeleceu dentro do estado brasileiro, além de corrompê-lo do ponto de vista político – e isso é um atentado à democracia – é o enriquecimento pessoal de alguns dos membros dessa estrutura. Felizmente tudo isso será apurado.