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Está parecendo uma ‘Torre de Babel’, diz presidente da Cifa sobre combates aos incêndios na Chapada

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As chamas destruíram vegetação do balneário do rio Mucugezinho | FOTO: Portal Chapada |

Os focos de incêndios que atingem diferentes regiões da Chapada Diamantina seguem avançando, mesmo com alguns focos tidos como controlados pelo governo da Bahia, a situação continua dramática. A informação foi confirmada pelo presidente dos Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí (Cifa), Homero Vieira, e por brigadistas que atuam em áreas sem apoio governamental, nesta segunda-feira (16). Esse não é o único problema no combate às chamas que já consumiram mais de 2 mil hectares de unidades de conservação, em menos de 10 dias, a falta de coordenação também tem deixado os combatentes indignados. Sem falar na quantidade de informações desencontradas. Primeiro é preciso destacar que dizer que o fogo está controlado não quer dizer que foi extinto ou debelado, as atividades na região continuam e os estragos são incalculáveis.

“Os governantes não pedem ajuda e a situação se complica cada vez mais. Se não chover, vamos perder ainda mais da fauna e da flora da região. Aqui está parecendo uma ‘Torre de Babel’, onde cada um fala uma língua diferente e ninguém se entende. Ou é muito descaso ou é muito amadorismo. O Estado se preocupou em articular o corpo de bombeiro, que apesar de terem muita boa vontade não está e nem é treinado para combater os incêndios florestais”, dispara Homero Vieira. Segundo ele, o clima continua muito quente, baixa umidade do ar e muita biomassa, dificultando os combates nas regiões atingidas.

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Homero Vieira é presidente da Brigada Combatentes de Incêndios Florestais de Andaraí | FOTO: Reprodução |

“A situação está feia. Nem o governo nem os órgãos responsáveis não agilizaram ainda a vinda de várias brigadas da Chapada, apesar que muito delas já terem se prontificado a participar dos combates. Não entendo porque a articulação com as brigadas não foi feita. Entre elas as do Morro do Chapéu, Bonito, Ruy Barbosa, Jaguarari, Igatu, Rio de Contas e Piatã. A gente não conseguiu entender porque não chamaram a gente para fazer esta articulação, disponibilizando transportes como ocorreu em 2012. Em 2013, apresentamos uma proposta de diretiva e compartilhamos com todos os órgãos envolvidos e nunca obtivemos uma resposta”, frisa Homero.

O presidente da Cifa, Homero Vieira ainda disse, em entrevista ao Jornal da Chapada, que o grande incêndio na região do balneário do rio Mucugezinho começou na beira da pista e “se tivesse sido combatido de imediatamente não teria acontecido essa catástrofe que foi com centenas de hectares queimados. Parece que o governo está fazendo um estágio para aprender sobre incêndios florestais. Ficam colocando aos poucos as estruturas humanas e materiais, em doses homeopáticas, e não fazem o monitoramento adequado e o foco volta, foi assim no Morro Branco, no Vale do Capão, em Palmeiras”, critica.

De acordo com Homero, não existe um plano de ação, vão construindo de acordo com a situação. “Eu defino tudo como o extremo do amadorismo e falta de humildade para proceder junto quem tem experiência e conhecimento. Estive no combate em Lençóis, na sexta-feira [12] e vi um caos, foi uma experiência terrível perceber o quanto nossos órgãos e governos são despreparados. No sábado, se tivesse havido uma operação elaborada e com os recursos que tínhamos no momento, o foco de Mucugezinho teria sido debelado. Cheguei a ser entrevistado, não lembro para qual jornal, na sexta, dizendo que no mais tardar em dois dias o foco estaria debelado. Isso porque pensei que com o efetivo que já tínhamos na sexta mais os recursos de aeronaves e aviões seriam otimizados”, completa.

Jornal da Chapada

Imagens de Dimitri Argolo Cerqueira do incêndio na região do Mucugezinho, entre Palmeiras e Lençóis:

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