Membros do Assentamento São Sebastião, no município de Wagner, Chapada Diamantina, disponibilizaram, na última quinta-feira (28), Dia Nacional da Caatinga, parte de sua área para ações de recuperação do rio Utinga, um dos principais afluentes do rio Santo Antônio, este por sua vez contribuinte do Paraguaçu. A ação, executada em forma de mutirão, contou com a participação de mais de 100 pessoas das mais diversas faixas etárias e marca um novo olhar territorial para o rio Utinga, incluindo assentados, alunos do Centro Territorial de Educação Profissional da Chapada Diamantina (Cetep), da escola local Che Guevara, membros do Projeto Semeando Águas no Paraguaçu, índios Payayá e representantes de órgãos governamentais: Prefeitura de Wagner, Bahiater e Secretaria do Meio Ambiente da Bahia.
Foram plantadas mais de 1.000 mudas de espécies nativas e frutíferas às margens do Utinga, no trecho que corta o assentamento, em uma área inicial de mais de um hectare. A perspectiva é que sejam plantadas, ainda em mutirão, mais de 2.000 mudas para restauração de mais dois hectares. Esta é uma iniciativa que teve começo e que, segundo lideranças locais, terá continuidade.
“Recuperar o Utinga que o capitalismo deixou degradado é renovar a vida, a terra e nossas esperanças. Conseguimos fazer neste mutirão o que sempre sonhamos: a união das forças dos parceiros. Além de reflorestar, estamos trazendo uma nova vida para a Reforma Agrária e para o Assentamento São Sebastião. Daqui há cinco anos estaremos dizendo que tínhamos que ter começado isso há 20 anos atrás”, afirma Wilson Pianissola dos Santos, direção estadual do MST.
Esta iniciativa local se deu após os movimentos sociais, produtores e algumas prefeituras da sub-bacia do rio Utinga cobrarem do Governo do Estado da Bahia, em janeiro deste ano, ações de revitalização do rio. Com a estiagem, o rio Utinga baixou seu nível entre o segundo semestre de 2015 e o início de 2016, prejudicando várias comunidades rurais.
“O que se espera é que esta ação possa incentivar demais proprietários das margens das águas do rio Utinga a terem a mesma iniciativa, já que todos dependem deste rio para a sua sobrevivência social, ambiental e econômica. É preciso ainda um diagnóstico que aponte usos mais adequados para estas águas, direcionando novas práticas e comportamentos para a nova conjuntura climática e econômica da região, que vem trazendo consequentes problemas de quantidade e qualidade nunca antes ocorridos na história do rio Utinga, e que podem ocasionar conflitos, pobreza e migração”, relata o geógrafo Rogério Mucugê, coordenador do Projeto Semeando Águas no Paraguaçu. Com informações de Assessoria.