O cientista político e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Joviniano Neto, entende que, se o prefeito ACM Neto (DEM) não topar o desafio de disputar o governo da Bahia na eleição deste ano, a oposição fará uma “confissão prévia de derrota”. No entendimento dele, o democrata soteropolitano terá que postular o Palácio de Ondina, porque houve um “investimento pesado” do grupo para projetar a candidatura de ACM Neto.
“Há hoje uma propaganda centralizada nele. Há uma divulgação sistemática e amplificada nas ruas. Ele também começou a viajar pelo interior como provável candidato ao governo. Além disso, pelo que declarou, ele vai assumir a presidência do DEM nacional. Tudo isso leva a uma condição de protagonista. Então, ele não sendo candidato ficará parecendo uma confissão prévia de derrota [do grupo]. Não há um clamor popular, uma mobilização, pelo ‘Fique, Neto’ [na prefeitura], mas sim para que ele seja candidato”, analisou o especialista.
O prefeito tem discordado da tese de que, se ele não for candidato, a oposição será derrotada por W.O. “Em nenhuma hipótese, essa eleição vai ser de W.O. Em qualquer circunstância, ela será muito disputada, seja com ACM Neto candidato ou qualquer outro do nosso grupo. É bom que fique claro que eu vou mergulhar na campanha, seja com meu nome ou qualquer outro do grupo. Vou para linha de frente. Vou lutar muito para defender o nosso campo político”, reiterou o chefe do Thomé de Souza, na semana passada.
Na avaliação de Joviniano Neto, os principais candidatos ao governo já estão escolhidos. Resta, segundo ele, definir a montagem das chapas. Diante das trocas de farpas entre ACM Neto, Rui Costa, e os aliados, o cientista político avalia que a eleição na Bahia será “acirrada”, mas ele não acredita que a tensão irá afetar o futuro governo do vencedor.
“Há uma polarização no Brasil e a tendência é que repercuta na Bahia. O nível de polarização, que há hoje no Brasil, é perigoso. Há uma probabilidade de não haver diálogo na campanha, o que pode dificultar o futuro governo. Na democracia, as pessoas lutam, disputam, mas depois da eleição concordam quando o adversário vence. O acirramento faz com que sejam desqualificadas as vitórias dos adversários, argumentando que houve compra de votos, por exemplo. O risco de o derrotado não aceitar a vitória do adversário é que isso dificulta a montagem do governo. Mas, acho mais difícil isso acontecer na Bahia, porque os políticos aqui são enraizados há muito tempo”, analisou. As informações são da Tribuna da Bahia.