Apesar de ter o maior número de comunidades quilombolas do país, a Bahia tem um grande déficit quanto ao acesso a terra pelos descendentes do povo negro. Conforme dados da Fundação Cultural Palmares, apenas três comunidades quilombolas conseguiram avançar na caminhada para ter a posse da terra, das 747 certificadas no estado. Segundo Delvan Dias de Souza, suplente da Comissão Nacional Quilombola (Conaq), que vive na comunidade de Remanso, em Lençóis, na Chapada Diamantina, falta apoio e diálogo dos governos federal e estadual com os quilombolas.
Em contato com o site Bahia Notícias, Delvan criticou o corte de verbas feito pela União no orçamento do Incra, órgão responsável pela desapropriação das terras e consequente indenização aos proprietários. Ele também comentou sobre a questão da segurança em Iúna, após as seis mortes que ocorreram na comunidade quilombola em agosto de 2017. “Prenderam algumas pessoas, depois disso aí, a comunidade meio que se desarticulou. Eram cerca de 40 famílias e restaram oito famílias. Depois, voltaram mais quatro famílias, ficando 12”.
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), os crimes que aconteceram em Iúna foram motivados por questões ligadas ao tráfico de drogas. Apesar disso, Delvan comenta que este fato foi isolado e não representa a maioria das pessoas. “Isso foi algo bem pontual. As comunidades aqui da região são comunidades de agricultura familiar. Elas produzem para subsistência. Não geram renda para outros objetivos”, explica Souza. Jornal da Chapada com informações do Bahia Notícias.
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