Os casos de “furou mas não aplicou”, isto é, profissionais de saúde que estão “fingindo” aplicar vacinas contra a covid em idosos sem injetar o líquido, vêm se espalhando Brasil afora e estão sob investigação de autoridades de saúde e da Justiça. Um desses casos mais recentes, ocorrido na última segunda-feira (15) em Niterói (RJ), pode acabar em prisão.
A técnica de enfermagem Rozemary Gomes Pita, responsável pela “vacinação fake” de um idoso de 90 anos, prestou depoimento à Polícia Civil na última terça-feira (16) e, nesta quinta-feira (18), o delegado responsável pelo caso, Luiz Henrique Marques Pereira, disse ao portal G1 que a mulher pode pegar até 12 anos de prisão pelo crime de pelo crime de peculato, que prevê punição a crimes contra a saúde pública.
Segundo Pereira, em seu depoimento, a técnica de enfermagem alegou “estresse e cansaço”. “Ela disse que não sabia explicar por que fez aquilo, que em 10 anos de profissão ela nunca tinha cometido tal deslize e não conseguiu explicar as razões de não ter aplicado o êmbolo. Inicialmente, ela alegou que estava estressada e extremamente cansada. Mas é muito difícil explicar o inexplicável”, afirmou.
Rozemary foi demitida pela secretaria municipal de Saúde de Niterói e o inquérito sobre a “vacinação fake” foi finalizado pela polícia e encaminhado à Justiça. O filho do idoso que, a princípio, teve o braço furado sem ser vacinado pela enfermeira, cobrou as autoridades em uma rede social.
“Realmente é triste ver um projeto tão bacana ser atingido com tamanha desumanidade por uma técnica que deveria apenas trabalhar corretamente. Não vamos comprometer esse projeto nem a equipe toda por causa de uma pessoa. Temos que auxiliar os bons profissionais e vigiar sim. Cabe agora ficarmos mais atentos para que tudo aconteça corretamente e que a justiça seja feita para que outras pessoas não sejam lesadas”, escreveu.
PL prevê cadeia para quem praticar “vacinação fake”
Na esteira desses casos de “vacinação fake”, o deputado Ricardo Silva (PSB-SP) protocolou na Câmara, na última semana, um projeto de lei que torna crime a conduta de simular a aplicação de vacina.
Trata-se do PL nº. 374/2021, que propõe acrescentar ao artigo 267-A do Código Penal um trecho que criminaliza o ato de simular a aplicação do conteúdo da seringa, no sentido de “induzir ou manter alguém em erro, mediante artifício, ardil, dissimulação, engodo, ilusão ou qualquer outro meio fraudulento”. A redação é do site da Revista Fórum.