Durante entrevista coletiva concedida na noite desta sexta-feira (22), o ministro da Economia, Paulo Guedes, além de assumir que o governo vai furar o teto de gastos para bancar o programa “Auxílio Brasil”, cobrou o BC para que aja no sentido de controlar a inflação.
Como justificativa para a sua cobrança, Guedes afirmou que o furo no teto de gastos piorou a situação fiscal do país e, portanto, a instituição precisa subir mais a Selic (taxa básica de juros).
“Se o fiscal piorou um pouco, eu voltei de viagem dos EUA e o fiscal piorou um pouco, então tem que correr um pouquinho mais com o juro também”, disse Guedes em tom de cobrança.
Neste momento, a Selic está em 6,25%. Na semana que vem a diretoria do BC vai se reunir para discutir o novo patamar da taxa.
Quem decide o novo patamar da taxa Selic é o presidente do banco, Roberto Campos Neto e seus oito diretores. Autônomo desde fevereiro, o BC tem liberdade para definir as suas políticas.
Setores do mercado financeiro trabalham com a expectativa de que o BC eleve em 1,5 a Selic, o que a levaria para 7,25% ao ano.
De acordo com o último levantamento do IPCA – índice oficial da inflação -, nos 12 meses até setembro o indicador acumulou alta de 10,25%, o que tem tornado a vida dos brasileiros mais cara.
Dólar dispara e bolsa despenca após debandada no time de Guedes
Após a aprovação na Comissão Especial da Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (21), do texto-base da PEC dos Precatórios, que permite ao governo furar o teto do limite de gastos – fato que provocou debandada no ministério da Economia de Paulo Guedes – o dólar chegou a bater R$ 5,7130 por volta das 10h11 da manhã desta sexta-feira (22), uma alta de 0,81%.
Além disso, o Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores Brasileira, aprofundava a queda na abertura do mercado, atingindo a mínima de 106.284 pontos às 10h14, uma baixa de 1,34%.
Aprovada PEC que permitirá a Bolsonaro furar teto de gastos
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta quinta-feira (21) o texto-base da PEC dos Precatórios, que em sua nova versão abriu um “espaço fiscal” para que o governo de Jair Bolsonaro gaste até R$ 83 bilhões a mais no orçamento, o que possibilitará ao presidente pagar R$ 400 a 17 milhões de famílias até o final de 2022, ano de eleição.
Na prática, para não furar o sagrado teto de gastos cultuado pelos ultraliberais que apoiam o governo do presidente de extrema direita, o limite desse teto foi expandido, permitindo à combalida gestão de Bolsonaro distribuir o benefício justamente no momento em que sua popularidade derreteu e jogou seus índices de aprovação ao nível mais baixo desde sua posse.
Parlamentares da base do governo admitiram que o texto sofreu alterações até minutos antes de ser submetido a votação na Comissão Especial, para que nele pudessem ser incluídos os R$ 83 bilhões que permitirão a Bolsonaro colocar em marcha seu projeto oportunista de liberar renda apenas no período das eleições. O placar ficou em 23 a 11 pela aprovação.
A matéria seguirá agora para o plenário da Câmara dos Deputados, para que seja votado por todos os parlamentares da Casa. Ainda não há data exata para a votação. Com informações do UOL.