Um levantamento feito pelas médicas Priscilla Mascarenhas e Mayra Medeiros – residente de neurologia e residente de neurocirurgia, respectivamente – apontou que, desde a abertura da unidade de terapia intensiva (UTI) neurológica do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), 322 pacientes com aneurismas foram atendidos na instituição. O estudo, que compreende o período de maio de 2017 a maio de 2021, servirá para realização de protocolo assistencial para casos de hemorragia subaracnóidea aneurismática (HSA).
A ideia é que, com o documento, seja possível implementar e padronizar fluxos de redução de danos aos pacientes, atenuando as complicações relacionadas à própria doença. O projeto, desenvolvido com a orientação do neurocirurgião Leonardo Avellar – coordenador do serviço e da residência de neurocirurgia do HGRS – e do neurologista Daniel Farias – coordenador médico da UTI neurológica do HGRS – é apoiado em novas evidências científicas.
“A hemorragia subaracnóidea aneurismática é responsável por cerca de 1 a 5% dos eventos cerebrovasculares e, apesar de ser o subtipo menos comum quando falamos de eventos cerebrovasculares, seu diagnóstico vem atrelado à alta taxa de morbidade e mortalidade. Na literatura americana, tem uma incidência estimada em torno de nove casos para cem mil pessoas/ano”, justifica Priscila.
Para validar o protocolo e oferecer melhores desfechos aos sobreviventes de aneurimas, foram revisados 2.240 prontuários de pacientes internados na UTI neurológica do Hospital Roberto Santos. Dos 322 pacientes diagnosticados com indicação de tratamento, 84% são submetidos a algum tratamento neurocirúrgico e 16% ao tratamento endovascular. Pelo menos, 229 microcirurgias de clipagens de aneurismas foram realizadas e 58 pacientes foram submetidos a, no mínimo, um procedimento de derivação ventricular externa.
Desempenho superior em relação a UTIs top performes
“Em um levantamento de indicadores feito pela plataforma Epimed, que está em andamento no Hospital Geral Roberto Santos há mais ou menos 1,5 ano, foi comparado o desempenho da UTI neurológica do HGRS com outros serviços públicos e privados e com as chamadas UTIs top performers. Vimos, então, que nossos indicadores se aproximam bastante das demais unidades. Ao fazermos, por exemplo, o levantamento de pacientes internados nos últimos 12 meses para tratamento de aneurismas, temos um número de 97,44% de evolução para alta, enquanto essas unidades top performers estão em 95,44%. E nossa duração média de internamento está em 4,53 dias e, nessas unidades performers, em 4,86 dias”, detalha a residente de neurologia.
Segundo Priscila, também são comparados dados como gênero, média de idade, capacidade funcional prévia, condições que definem o perfil epidemiológico desses pacientes. E, em geral, os números se aproximam: “nossos níveis de infecção diagnosticado com choque séptico nesses pacientes chega a ser três vezes menos do que outras unidades públicas e inferior às UTIs top performers, pelos dados levantados pelo Epimed. Outro indicador bem interessante é a avaliação do desmame ventilatório, que consegue ser bem precoce na UTI neurológica, com um índice de 81,82% em menos de 24 horas, enquanto unidades top performers e as chamadas UTIs de acreditação internacional têm essa faixa em torno de 50%”.
O levantamento do Epimed traz, ainda, o número de pacientes com aneurismas internados: 147 hospitais particulares tiveram 954 pacientes com esse diagnóstico, o que dá uma média de 6,5 pacientes com aneurisma por serviço, e esses números se repetem em unidades de acreditação internacional e as UTI top performers. Outros 42 hospitais públicos tiveram 462 pacientes internados, o que dá uma média de 11 pacientes com aneurisma por hospital. Atualmente, o HGRS tem esse número em 40, o que confere uma média mais alta do que a média dos outros serviços.
Para Leonardo Avellar, os números expressivos obtidos pelo HGRS é motivo de orgulho, pois implica em uma assistência qualificada para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). “Felizmente, o Hospital Geral Roberto Santos conta com diversos recursos para o tratamento de aneurismas. A neurocirurgia, no entanto, continua se mostrando a alternativa menos custosa para o Estado”, avalia ele. As informações são de assessoria.