Celebrado em 16 de março o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas tem como objetivo promover a conscientização da população sobre a importância de realizar ações que possam diminuir o agravamento dos impactos das mudanças climáticas. A data foi estabelecida pela lei nº12.533/2011 para viabilizar debates e mobilizações em torno de alternativas mais sustentáveis para as mais diversas áreas. Neste sentido, a ONG Socioambientalista PRÓ-MAR ressalta seu compromisso socioambiental com a Baía de Todos os Santos (BTS) e comunidades ao seu entorno, destacando a importância de iniciativas como as que desenvolve no Projeto Mares.
A ação realizada em parceria com a Petrobras, por meio do Programa Petrobras Ambiental, tem como principal objetivo a implementação de ações com vistas à ciência cidadã e a educação ambiental voltadas à conservação do ambiente marinho em comunidades da Ilha de Itaparica. Entre as atividades propostas está a restauração dos recifes de coral numa área de 1,5km² na Área de Proteção Ambiental (APA) das Pinaúnas, em Mar Grande.
Responsáveis por abrigar um quarto das espécies marinhas do planeta, os corais são um importante bioindicador das mudanças climáticas e do aquecimento da temperatura do oceano. Entre os principais problemas enfrentados por esse ecossistema em função do aquecimento global está o fenômeno do branqueamento, que é responsável pela morte destes seres, conforme explica o diretor-presidente da ONG PRÓ-MAR e coordenador geral do Projeto Mares, Zé Pescador.
“A morte dos corais representa a perda da saúde do ecossistema. Tendo em vista que o que confere a biodiversidade aos recifes é justamente essa cobertura de coral, quanto menos coral, menos biodiversidade. Isso acontece porque muitos peixes, moluscos e crustáceos encontram em algumas espécies de coral abrigo, fonte de alimentação e segurança para a desova. O impacto de tudo isso chega diretamente para as pessoas, principalmente aquelas que tiram seu sustento do mar”, avalia Zé.
De acordo com Zé Pescador o Mares é um projeto numa escala maior do que o que já vinha sendo testado anteriormente na Bahia de Todos os Santos, pela própria PRÓ-MAR, em parceria com universidades.
“Esse projeto vem do amadurecimento de alguns anos de pesquisa envolvendo fabricação, testes de materiais que podem ajudar até mesmo na aceleração do crescimento dos corais, reutilizando também o esqueleto de corais invasores e outros organismos bioincrustantes para a fabricação de substrato de pequenos bloquinhos que servirão de sementeiras utilizadas no cultivo da Millepora (espécie coralínea). Então é todo um conjunto de esforços que gera a possibilidade de criar um arranjo institucional que fortaleça políticas públicas e incentive esse novo ‘agromar’ que é cultivar uma espécie marinha nativa”, destaca Zé Pescador.
O coordenador do Projeto ressalta também que todo estudo, tudo que for levantado a respeito da saúde desse ambiente e todas as medidas que devem ser tomadas para a manutenção da saúde do recife vai passar pelo olhar da pesquisa e da ciência, pelo conhecimento tradicional das pessoas que vivem do mar e da pesca e das universidades.
“Já se percebeu que apesar de toda a resiliência que esse ecossistema tem, isso não é suficiente para reverter o quadro de degradação e de perda de cobertura dos corais nos recifes. Então, cultivar, colocar a mão do homem, que muitas vezes é a mão que destrói o próprio ambiente, a seu serviço e, assim como é na agricultura terrestre, ser também uma iniciativa para melhorar a fauna marinha é uma maneira de colaborar para a redução dos impactos negativos causados pela ação humana no planeta”, enfatiza Zé Pescador.
Importância dos corais x ameaça
O relatório “Estado dos Recifes de Coral do Mundo: 2020”, produzido pela Rede Global de Monitoramento de Recifes de Coral (GCRMN), aponta que desde 2009 o planeta perdeu aproximadamente 14% dos corais. Já o painel intergovernamental de especialistas em mudanças climáticas da Organização das Nações Unidas (ONU) alerta para a possível perda de até 90% dos atuais recifes de coral se não for possível conter os atuais 1,5°C da temperatura global do planeta. Vale destacar que os recifes de coral são os ecossistemas mais diversos do planeta e, além de abrigar 25% da biodiversidade marinha mundial eles desempenham um importante papel na adaptação natural às mudanças climáticas.
Como reservas naturais de carbono eles são capazes de absorver gás carbônico atmosférico reduzindo os riscos climáticos associados aos gases do efeito estufa. Entretanto, eles são também extremamente sensíveis. Pesquisadores afirmam que o branqueamento cada vez mais rápido dos corais faz com que eles morram lentamente devido ao estresse que sofrem com o aumento continuo da temperatura da água, da ação humana, da acidificação dos oceanos e das mudanças extremas na quantidade de luz e nutrientes que os atinge.
Da mesma forma, a grande riqueza da sua biodiversidade o torna um dos ecossistemas aquáticos essenciais para sobrevivência a proteção de milhões de espécies de animais e plantas. Os corais desempenham um papel importante nos aspectos sociais e econômicos das regiões em que existem uma vez que, de acordo com dados da ONU, mais de três bilhões de pessoas no mundo dependem dos oceanos para sobreviver. As informações são de assessoria.