O governo brasileiro acompanha com atenção a possibilidade de os Estados Unidos classificarem o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A hipótese foi mencionada pela consultoria Eurasia Group em um relatório que lista eventuais medidas que Washington poderia adotar contra o Brasil, em meio ao aumento das tensões bilaterais após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o relatório, o governo americano já adotou sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e impôs tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, além de sinalizar para novas ações punitivas. Em entrevista à BBC News Brasil, o diretor da Eurasia para as Américas, Christopher Garman, afirmou que a decisão sobre a classificação do PCC e do CV não é imediata, mas pode ocorrer “nos próximos seis a oito meses”.
Para analistas, o governo Donald Trump está reforçando sua política de combate ao narcotráfico na América Latina, com operações militares no Caribe e sanções contra organizações criminosas da região. Na lista americana já estão cartéis mexicanos e o grupo venezuelano Tren de Aragua.
Em maio, representantes dos EUA solicitaram formalmente que o Brasil adotasse a mesma designação, mas o governo brasileiro rejeitou a proposta, argumentando que a Lei Antiterrorismo brasileira não inclui crimes de facções como atos terroristas, pois sua motivação é econômica, e não política, ideológica ou de ódio.
Especialistas apontam que a medida, caso adotada, poderia afetar instituições financeiras e empresas brasileiras, devido a sanções secundárias e restrições em transações internacionais, especialmente as realizadas em dólar. Para o governo brasileiro, a decisão teria impactos jurídicos, políticos e econômicos, além de ser interpretada como ingerência externa nos assuntos internos do país.
Jornal da Chapada














































