Por Rafael Fernandes*
Ótimo essa proximidade com quem de fato está no combate e prevenção há décadas na Chapada Diamantina. Como bem pontuado pelo governador Rui Costa, devemos ser mais rápidos e práticos nesse momento e isso reflete ao plano de ação que, na minha humilde visão, e com base nos relatos que estou acompanhando e ligações aos brigadistas, seguem as minhas sugestões para tirar o quanto antes do papel uma ação colaborativa e tenho certeza que os custos não serão R$ 7 milhões, onde empresas competentes administram recursos maiores, projetando até a compra de avião para os brigadistas.
Plano de Ação das Brigadas da Chapada
Existem cinco pilares que considero urgentes são: combate, prevenção, monitoramento, capacitação e logística. Para o combate, é preciso estruturar os mais de 600 guerreiros e suas 24 brigadas da região, como mencionado no vídeo divulgado pelo governador Rui Costa (veja aqui).
Os principais materiais são: Equipamento de Proteção Individual (EPI) anti-chamas, como gôndola, capacete, luvas, calça, bota e óculos; roçadeiras (para locais onde não há pedras); moto bombas (para colocar dentro de rios para combate direto dos incêndios); foices; enxadas, facão; abafadores (utilizados para combate em pontos críticos, sem água ou produto químico para ajudá-los); lanternas de cabeça e mão; rádios comunicadores HD, com repetidoras.
Além disso, é necessário também equipamentos de primeiros socorros, como maca para transporte de pessoas; drones (facilitam o monitoramento de locais com difícil acesso), satélites de monitoramento; alimentação; isotônico e água mineral.
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Para o pilar prevenção, deve haver um investimento em campanhas, cartilhas, vídeos e imagens de conscientização e preservação do meio ambiente, ressaltando os principais impactos dos incêndios. Parcerias com as escolas locais para o estudante ser um porta-voz em sua casa e comunidade, e agir como um brigadista mirim em prol da natureza.
Também é preciso definir e ressaltar os principais postos de arrecadação nas cidades da região e na capital e o responsável, para agirmos com mais efetividade em casos extremos como o que estamos vivenciando atualmente. Assim como criar pontos de apoio para coleta de água nos principais pontos de incêndio que acontecem com frequência. O corpo de bombeiros da região deve estar estruturado para suprir mais a demanda na prevenção, combate, monitoramento e capacitação.
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No terceiro pilar, monitoramento, sugiro a definição de parceria com os principais órgãos públicos competentes e as brigadas como BRAL, CIFA, Rosely Nunes, dentre outras; e dos principais pontos de observação com monitoramento diário e envio de relatório de incidentes a todos os envolvidos. Sugiro também a criação de um site ou sistema, atrelando todos os órgãos públicos competentes, as brigadas e os brigadistas voluntários, para facilitar a comunicação entre os mesmos e a sociedade. É preciso também estruturar os pontos de observação para os brigadistas que estarão no monitoramento.
Já em relação à capacitação dos brigadistas, voluntários, jovens voluntários nas escolas e outros interessados, os principais órgãos públicos competentes e as brigadas devem criar, em parceria, um modelo de capacitação e um cronograma, definindo o processo de evolução dos envolvidos.
No último pilar, de logística, sugiro que seja definida a quantidade necessária de veículos para o deslocamento da equipe de combate e de apoio, pois os veículos que hoje atuam não proporcionam nenhuma segurança para os brigadistas. Em parceria com os órgãos públicos competentes e as brigadas, é preciso alinhar o processo de contingente para casos extremos, como por exemplo, o número de aeronaves, de soldados, de carros, de brigadistas, definir a infraestrutura necessária, bem como os equipamentos e a alimentação.
O mundo muda quando eu mudo!
*Rafael Fernandes é empreendedor e especialista em Gestão em Negócios