Os danos dos incêndios são inúmeros e grandiosos, além de possuírem um efeito cascata. Como se não bastassem às diversas perdas, tudo o que é queimado ainda se transforma em gás carbônico e em outros gases de efeito estufa (GEE). Apenas nesse período, foram emitidos mais de 250 mil toneladas de CO2 somente no Parque Nacional da Chapada Diamantina, de acordo com levantamento realizado pela equipe técnica da Brigada de Resgate Ambiental de Lençóis (BRAL). Dados de 2014 divulgados pela NASA mostram que nos últimos 64 anos, o semiárido brasileiro é uma das regiões do planeta que mais esquentou, elevando em 3 graus Celsius sua temperatura em relação à série histórica. Enquanto a média mundial foi de 0,8 grau desde a revolução industrial.
“Os cientistas são taxativos quanto a necessidade da civilização se mobilizar para que os cortes de emissões sejam suficientes para manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo dos 2 graus, sob o risco de cruzarmos o ‘ponto de não retorno’, ou seja, um limiar que se ultrapassado pode desequilibrar o sistema climático de tal forma que perderíamos a margem de manobra que ainda nos resta, com consequências climáticas imprevisíveis e de longuíssimo prazo. Precisamos compreender que nossa geração é a primeira a sentir os efeitos das mudanças climáticas e a última capaz de fazer algo a respeito… do ponto de vista climático, seremos lembrados por milênios, mas o teor dessa lembrança vai depender do legado que deixaremos para as próximas gerações”, destaca o engenheiro florestal, Diego Serrano.
E o prognóstico não é animador. Os modelos climáticos apontam um cenário de extremos climáticos (secas e enchentes), cada vez mais intensas e mais frequentes. Áreas que, naturalmente, já sofrem com a seca, como a caatinga brasileira, terão eventos de seca mais frequentes e ainda mais severos, impactando diretamente na disponibilidade de água nas bacias e, também, na intensidade dos incêndios florestais.
Portanto, a redução das queimadas é estratégica na luta contra o aquecimento global, assunto que será tratado em âmbito internacional na 21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 21), que ocorrerá em Paris, entre 30 de novembro e 11 de dezembro, com o intuito de validar um novo acordo internacional de corte de emissões de gases de efeito estufa.
A manutenção dos estoques de carbono contidos na vegetação é fundamental, principalmente no Brasil, onde o desmatamento e os incêndios florestais são a principal fonte de GEE, explica Serrano. “Nesse sentido, projetos de reflorestamento e de prevenção são fundamentais nas políticas nacionais de adaptação e combate às mudanças climáticas. O que combina com a urgência na ampliação e no fortalecimento de ações de prevenção, monitoramento e recuperação do Parque Nacional da Chapada Diamantina e seu entorno”.
Sobre a BRAL
É uma associação sem fins lucrativos, que existe desde 1996, como objetivo preservacionista. Realiza diversas ações, desde educação ambiental a apagar incêndios florestais, de forma totalmente voluntária. As informações são da Ascom da BRAL.
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