Em contato com o Jornal da Chapada neste sábado (8), a prefeita de Mucugê, na Chapada Diamantina, Ana Medrado (DEM), a popular ‘Dona Ana’, revela o caos deixado pela gestão passada do ex-prefeito Manuel Luz (PSD). Ela conta que, até o momento, não teve acesso às contas para obter respostas sobre os pagamentos atrasados dos servidores. Fala também que a transição de governo, de fato, ainda não foi feita como, por exemplo, o repasse de ativos e passivos, bem como senhas para acesso aos sistemas da prefeitura municipal.
“Do jeito que a gente pegou aqui o negócio foi muito feio. Não encontramos nada, nem sistema nenhum funcionando, nem computador. Para ter uma noção, não tivemos acesso às contas da prefeitura. Não recebemos transição [do governo], ele [Manoel Luz] não fez transição. Não sabemos o que resta a pagar, se deixou depositado em conta, empenhado. O prefeito saiu escondido atrás da turma dele. Acho que a partir de segunda em diante o gerente vai passar as senhas para poder a gente acessar. Se olhar no TCM [Tribunal de Contas dos Municípios] ele não prestou contas de outubro, novembro e dezembro”, diz ‘Dona Ana’ em entrevista.
Diante das dificuldades encontradas, a prefeita democrata lamenta não saber informar aos servidores quando serão realizados os pagamentos de salários de dezembro e o terço de férias que a gestão anterior deixou de pagar. Vale salientar que são todos os servidores da prefeitura, incluindo os da educação e saúde, que estão com vencimentos atrasados.
“Não tenho como dizer se vou poder pagar ou não vou, porque nós não recebemos. Todas as vezes que saímos do governo passamos resto a pagar e o que fica. Só pode deixar empenho com dinheiro em conta. Não pode deixar nada empenhado sem dinheiro. A lei de responsabilidade fiscal não permite pagamentos com recursos de outro mandato, até porque o orçamento que começou dia primeiro [janeiro de 2020] não pode pagar nada retroativo”, explica a gestora.
A prefeita, que retorna ao seu segundo mandato, acredita que esses valores nem foram empenhados, mas que terá certeza quando tiver acesso às contas, que deverá ser a partir de segunda-feira (11). “Então, eu acredito que não deve ter nada, porque empenho não recebemos nenhum. O sistema de contabilidade ele [Manoel Luz] desligou. A gente só vai começar segunda-feira porque não tinha internet, não tinha nada”, aponta.
O ex-prefeito Manoel Luz disse ao Jornal da Chapada que deixou os pagamentos empenhados (confira aqui). Até sindicato dos profissionais de saúde pediram explicação para a nova gestora (leia mais).
Segundo a prefeita, ao assumir a prefeitura de Mucugê, encontrou equipamentos de obras quebrados como pá carregadeira, retroescavadeiras, duas caçambas e um caminhão baú. “Tive que comprar com meus recursos 20 pneus para colocar nos carros para rodar, porque os pacientes precisam ir para Salvador, as ambulâncias precisam rodar”, pontua a gestora.
Ainda segundo a chefe do Executivo municipal, da dívida de “mais de R$400 mil que [a prefeitura] está devendo à Câmara Municipal pagou apenas R$120 mil. O pessoal ficou até meia-noite do dia 31 [de dezembro de 2020] com as despesas da Câmara sem pagar porque ele não passou os recursos”. ‘Dona Ana’ finaliza o relato com a situação da água no município, onde a sede e uma comunidade ficaram sem o recebimento do recurso natural.
“Até água da vila aqui ele mandou desligar. O poço da prefeitura furou em uma área privada e, simplesmente, de acordo com o pessoal, na quarta-feira [30] ele mandou desligar. Precisei tomar o caminhão-pipa do consórcio ‘Chapada Forte’, em Andaraí, para poder botar água para essa comunidade”, completa a gestora.
Jornal da Chapada