Confirmando que quer resgatar o atentado cometido por Adélio Bispo durante a campanha de 2018 para o debate eleitoral, Jair Bolsonaro (PL) tocou no tema sem ser indagado logo após receber alta médica em entrevista antes de deixar o hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na manhã desta quarta-feira (5).
“O pessoal tem dúvida, né? Alguns dizem que seria uma armação da minha parte… deixar bem claro ai. A faca entrou. Na hora lá, alguns dizem: não sangrou. Uma facada nessa região não sangra porque tudo vai pra dentro, né doutor?“, disse, olhando para o médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que o acompanha desde o atentado.
Em seguida, Bolsonaro confirmou que interrompeu as férias para se internar – “eu não queria estar aqui, estava previsto na terça-feira (4) voltar para Brasília” – e retomou o assunto, ao negar que está se “vitimizando”.
“Agora querer [inaudível] para a politização, dizendo que estou me vitimizando… Tá de brincadeira comigo, né? Doutor Macedo tem sua honra e eu tenho a minha, nós temos muito a zelar. Eu fui um candidato pobre, paupérrimo. Se eu quisesse armar em cima do hospital Alberto (SIC) Einstein, em cima do hospital de Juiz de Fora… Pelo amor de Deus”, disse.
Bolsonaro ainda falou da retomada das investigações sobre o caso após quebra de sigilo telefônico dos advogados que fizeram a defesa prévia de Adélio Bispo.
“Outra coisa, aproveitando o momento, três advogados chegaram imediatamente lá. Um com avião particular. Uma pessoa tentou entrar na Câmara (Federal) usando o nome do Adélio como álibi. As pessoas da pousada, duas já morreram. Muito parecido com o Celso Daniel”, disse, remetendo a pontos da teoria da conspiração divulgada nos grupos bolsonaristas.
Bolsonaro ainda falou da troca de delegados. Martin Bottaro Purper, que já comandou investigações sobre o PCC vai assumir o lugar de Rodrigo Morais Fernandes, que foi transferido pelo diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, para um cargo nos EUA.
O presidente ainda insinuou onde quer que a investigação chegue, fomentando a tese já negada em outros inquéritos de que Adélio faria parte de uma conspiração comunista para matá-lo.
“O processo foi reaberto depois de praticamente três anos e a gente espera que a Polícia Federal aprofunde mais. Porque conseguimos agora acessar o telefone dos advogados. Advogado que dá uma declaração como aquela, que falou que era pago por um órgão de imprensa. Ele mesmo diz aquilo. Eu acho que a própria imprensa tinha interesse em resolver”, afirmou.
Bolsonaro, no entanto, mentiu ao mencionar a suposta fala do advogado Zanone Júnior, que disse na ocasião ter feito a defesa de Adélio para “faturar com os holofotes de um caso supermidiático”. Umas das investigações da PF já conclui que o advogado buscava exposição com o caso, para reverter em mais clientes. As informações são da Revista Fórum.
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