O município de Lençóis receberá, de 30 de abril a 31 de maio, a Exposição Dois mundos, duas visões, uma causa: tornar visíveis as comunidades originárias (indígenas) da Chapada Diamantina. Aberto ao público, o evento será realizado na galeria do Campus Avançado da Chapada Diamantina da Universidade Estadual de Feira de Santana (CACD).
A mostra reúne obras do artista visual Artur Soar, do cacique e também artista Juvenal Payayá, além de um painel coletivo produzido pelas bordadeiras de Lençóis, que integram elementos da cultura local com referências à ancestralidade indígena. As obras expostas buscam refletir as memórias, lutas e expressões simbólicas dos povos originários, contribuindo para uma leitura mais ampla e sensível da história da Chapada Diamantina.
A abertura da exposição será marcada por uma roda de conversa, às 19h do dia 30 de abril, reunindo lideranças indígenas da região, pesquisadores e representantes da comunidade local. O encontro tem como objetivo promover o diálogo intercultural e fortalecer a valorização dos saberes ancestrais, em um espaço dedicado à escuta, à troca de experiências e à construção coletiva do conhecimento.
A curadora da exposição e coordenadora do CACD, Marjorie Nolasco, conta que a ideia de realizar a mostra surgiu após se deparar com a afirmação de um aluno de que não existiam povos indígenas na Chapada Diamantina.
“Com essa mostra, buscamos apresentar à população de Lençóis e seus visitantes, a presença indígena na Chapada Diamantina, região não só marcada por nomes de lugares e de plantas de origem indígena, mas por descendentes que resistiram e que estão retornando/ressurgindo”, afirma Marjorie.
Segundo Marjorie Nolasco, a arte de Artur Soar e os desenhos do cacique Juvenal Payayá dialogam sobre uma preocupação comum e com grandezas similares. “A grandeza do artista que divide o espaço com “rabiscador" (como se define Juvenal Payayá) na sua grandeza de Cacique e estrategista que, humildemente, se apresenta também como artista. Ambos para afirmar: estamos aqui! E estamos rebrotando, nos reorganizando, retornando e retomando”, destaca a curadora.
Artistas

Juvenal Payayá
O indígena Juvenal Payayá retornou à Chapada Diamantina para viver nas proximidades das nascentes do Rio Utinga, onde atua na missão de reunir membros de sua etnia dispersos pelo país. Escritor, economista formado pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e Doutor Honoris Causa pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB), Juvenal é também um pensador visual, conhecido por transformar reuniões e conversas em registros gráficos singulares.
Com lápis ou caneta nas mãos, ele preenche pedaços de papel, cadernos ou qualquer superfície disponível, anotando ideias enquanto desenha simultaneamente. Nessas criações espontâneas, o universo simbólico indígena ganha forma, revelando narrativas visuais que dialogam com a ancestralidade, a memória e a resistência de seu povo.

Artur Soar
Natural de Salvador, o artista Artur Soar traz uma relação afetiva e criativa com Lençóis, onde viveu parte da infância e teve seus primeiros contatos com o universo artístico. Formado em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), com mestrado na mesma instituição, Artur aprofundou seus estudos sobre a ardósia da Chapada Diamantina, investigando seu potencial como suporte para gravuras em sua pesquisa de dissertação.
Na exposição, ele apresenta obras da série “Olhares de um povo que re-existe em nós”, uma homenagem visual aos povos indígenas e sua resistência ao longo da história. Reconhecido nacional e internacionalmente por sua produção em xilogravura, Artur já teve trabalhos exibidos em diversos países. Suas obras também podem ser encontradas em sua galeria própria, localizada na Rua Boa Vista, 196, em Lençóis, onde o artista mantém um espaço dedicado à arte e à memória da região.

Bordadeiras de Lençóis
A exposição também conta com a participação das bordadeiras de Lençóis, que apresentam um painel artesanal criado a partir do projeto Chapada em Retalhos, desenvolvido em 2013. A iniciativa teve como proposta narrar a história da região por meio de bordados e aplicações em tecido, unindo memória, tradição e arte popular em composições sensíveis e ricas em detalhes.
Os painéis e quadros produzidos durante o projeto tornaram-se parte do acervo permanente do Campus Avançado da Chapada Diamantina da UEFS. As obras revelam, ponto a ponto, aspectos da identidade cultural da Chapada, valorizando os saberes manuais das mulheres da comunidade e sua contribuição para o patrimônio simbólico da região. As informações são de assessoria.
Serviço:
O que: Exposição: Dois mundos, duas visões, uma causa: tornar
visíveis as comunidades originárias (indígenas) da Chapada
Diamantina
Onde: Campus Avançado da Chapada Diamantina (UEFS/CACD) –
Praça Horácio de Matos, nº 854, Lençóis-BA
Quando: de 30 de abril a 31 de maio de 2025, das 8h às 12h e das
16h às 22h