Com o argumento de impedir o avanço do programa nuclear iraniano e a criação de uma arma atômica, Israel iniciou uma guerra contra o Irã. Com bombardeios e mísseis, ambos os países desencadearam um conflito que tende a se prolongar, dado o histórico entre eles. As declarações do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, indicam que as ofensivas não têm previsão de acabar.
Os conflitos tiveram início na semana passada, quando Israel lançou o que chamou de “ataque preventivo” contra o Irã, com o principal objetivo de impedir as operações nucleares iranianas.
Os ataques também ocorrem em meio à demora de uma negociação proposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Desde que assumiu o governo, o republicano afirmou que uma das prioridades de sua administração seria impedir o avanço do programa nuclear do Irã.
“Há dois meses, dei ao Irã um ultimato de 60 dias para ‘fechar um acordo’. Eles deveriam ter feito isso! Hoje é o 61º dia. Eu disse a eles o que fazer, mas eles simplesmente não conseguiram. Agora eles têm, talvez, uma segunda chance”, alertou o presidente no Truth Social.
Trump afirmou na última quinta-feira (19/6) que, em duas semanas, decidirá se os Estados Unidos entrarão ou não na guerra: “Há uma chance substancial de negociações que podem ou não ocorrer”. O presidente fez um aceno para que a frente da diplomacia avance e suas falas se dão num contexto de incerteza.
A dificuldade é que, mesmo sob os ataques, o governo iraniano disse que continua “forte e determinado” rumo ao avanço nuclear. Já do lado israelense, o país se diz disposto a ir até o fim para desmantelar o programa nuclear persa.
Ofensiva israelense contra o Irã
• Depois de diversas ameaças, Israel lançou em 13 de junho o que chamou de “ataque preventivo” contra o Irã. O foco da operação foi o programa nuclear iraniano.
• O principal objetivo da ação, segundo o governo israelense, é impedir que o Irã consiga construir uma arma nuclear.
• Como resposta à operação israelense, o Irã lançou um exército de drones e mísseis contra o território de Israel.
• Em pronunciamento no último sábado (14/6), o premiê Benjamin Netanyahu afirmou que a ofensiva deve continuar. Ele prometeu ataques contra todas as bases iranianas.
• Até o momento, relatos indicam que parte do programa nuclear já foi afetada pelos ataques. Danos maiores, no entanto, dependem de bombas – ou da participação direta – dos EUA, o que tem sido solicitado pelo governo de Israel.
João Miragaya, mestre em história pela Universidade de Tel-Aviv, assessor do Instituto Brasil-Israel e membro do podcast Do Lado Esquerdo do Muro, diz que “há conflitos com duas forças relativamente similares em termos de poder, como foi a guerra Irã-Iraque, que durou quase 10 anos”.
Miragaya alegou eu não é possível estabelecer uma relação de tempo de um conflito “baseado somente na correlação de forças entre os dois lados”.
“O Irã não parece estar em condições de impor a Israel uma derrota militar a curto prazo, sua estratégia é a de resistir e instituir uma realidade de desgaste e estagnação econômica”, pontuou Miragaya.
Porém, segundo o especialista, a “ideia de que os ataques israelenses possam derrubar o regime dos aiatolás parece um tanto hipotética, e a destruição do projeto nuclear iraniano depende diretamente da participação dos EUA na escalada”.
“O Irã dificilmente aceitará negociar sob fogo, e Israel não retrocederá enquanto não houver uma rendição total ou parcial do Irã. Podemos esperar por mais umas semanas de conflito, pelo menos”, destacou o especialista.
O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, chegou a afirmar que o fato de os Estados Unidos terem “entrado em cena” no conflito entre iranianos e israelenses é “sinal de fraqueza e incapacidade” de Israel.
Apoio europeu
A Europa defende negociações com o objetivo de alcançar um cessar-fogo. Ministros das Relações Exteriores do Reino Unido, da Alemanha e da França se reuniram em Genebra, na Suíça, com o intuito de dialogar com representantes iranianos sobre o conflito.
“Não parece ser real a participação de nenhum país europeu na guerra entre Israel e Irã, exceto no auxílio a Israel para interceptar mísseis disparados pelo Irã”, conta Miragaya.
Citando o presidente norte-americano, o especialista afirmou que a probabilidade de o Irã reunir condições militares para resistir às investidas dos EUA é baixa, “a menos que Trump decida trabalhar pela queda do regime”. As informações são do site Metrópoles.