A Sempre-viva, flor peculiar da Chapada Diamantina, ganhou destaque na reportagem especial exibida pelo Globo Repórter na última sexta-feira (2), encantando o público com suas características únicas. Além de sua beleza delicada, a flor chama atenção por ser rara e por manter sua forma e coloração mesmo após ser colhida, o que reforça seu valor ecológico e cultural na região.
Exportada para países como Estados Unidos, Japão e diversas nações da Europa, a sempre-viva movimenta a economia local e gera emprego para muitas famílias da região. O cultivo da flor, que se desenvolve naturalmente nos campos da Chapada Diamantina, transformou-se ao longo dos anos na principal atividade econômica de comunidades inteiras, consolidando-se como uma importante fonte de renda e sustentabilidade.
“Um buquê de meio quilo chegava a custar de 300 a 800 dólares”, afirma Alian Silva, supervisora do Parque Municipal de Mucugê.
Apesar de sua importância econômica e beleza singular, a intensa extração da sempre-viva nos campos da Chapada Diamantina levou a planta a ser incluída na lista de espécies ameaçadas de extinção. Para reverter esse cenário, foi iniciado um projeto de recuperação focado em uma espécie que floresce exclusivamente na região. A iniciativa busca promover o manejo sustentável e a preservação do ecossistema, equilibrando a exploração comercial com a conservação ambiental.
A descoberta da espécie de sempre-viva ameaçada de extinção foi feita pela botânica Ana Maria Giulietti, cujo trabalho resultou na identificação de uma planta rara que floresce exclusivamente na Chapada Diamantina. Em reconhecimento à sua contribuição científica, a flor recebeu o nome de Comanthera mucugensis Giulietti. Um dos traços mais notáveis dessa espécie é sua longevidade impressionante: mesmo após colhida, pode manter sua forma e aparência por até 60 anos, preservando uma beleza que parece desafiar o tempo.

“Nós estamos numa das poucas áreas onde existe uma população natural da sempre viva mucugensis, uma área que deve ser mantida, cuidada, conservada”, ressalta Giulietti.
O grande sonho de Ana Maria Giulietti é garantir a preservação da Sempre Viva, conciliando o uso sustentável da planta com sua conservação. Ela defende um modelo em que seja possível colher e comercializar a flor, mas sempre deixando sementes no campo para garantir sua regeneração natural.
“Não adianta tirar ela e botar em cultivo porque ela não vai. Dá uma olhada… quantas inflorescências cada planta produz, mais de vinte, trinta inflorescências para cada planta. Então você pode deixar uns cinco escapos para produzir sementes e coletar os outros, é sustentável na minha maneira de ver”, explica.
O nome “sempre-viva” é utilizado popularmente para se referir a diversas espécies de plantas que, mesmo após serem colhidas e secas, mantêm sua forma e coloração por longos períodos. Essa resistência natural é justamente o que inspira o nome, simbolizando sua durabilidade e beleza contínua, mesmo fora do ambiente natural.
Em Portugal, o termo também se refere ao Limonium sinuatum, conhecido como estátice, lavanda-do-mar ou sempre-viva-azul — nome relacionado à tonalidade predominante da espécie em sua região de origem, que abrange o Mediterrâneo e o Oriente Médio. Cultivada com fins ornamentais, essa flor pode ser encontrada em uma ampla variedade de cores, como vermelho, amarelo, branco, azul, rosa, roxo e lilás.
Por conta de sua durabilidade e beleza preservada mesmo após o processo de secagem, certas espécies de sempre-viva são amplamente aproveitadas na produção de itens decorativos e artesanais. Elas se tornaram matéria-prima comum na confecção de buquês de flores secas, arranjos ornamentais, bijuterias e peças artesanais como bolsas, chapéus e enfeites diversos.
A utilização varia conforme a espécie: em alguns casos, apenas as flores são aproveitadas; em outros, caules, folhas ou até mesmo a planta inteira são incorporados ao trabalho artesanal. Essa versatilidade fortalece o valor econômico da sempre-viva em diversas regiões produtoras. Jornal da Chapada com informações do portal G1.