Uma série de denúncias de maus-tratos a animais no Canil Municipal de Itaberaba tem causado indignação entre moradores e mobilizado protetores da causa animal. A situação, que já vinha sendo comentada nas redes sociais, ganhou novos contornos com a abertura de uma ação popular apresentada ao Ministério Público, apontando negligência por parte do coordenador do canil, Túlio, e da veterinária responsável, Bruna. O documento solicita o afastamento imediato dos envolvidos.
Um dos casos mais alarmantes ocorreu em 11 de março de 2025, quando uma cadela prenhe foi deixada exposta ao sol escaldante de cerca de 35 °C por aproximadamente 15 minutos, enquanto Túlio e Bruna permaneciam dentro do consultório. Mesmo após o alerta de uma funcionária, a situação foi ignorada. A cadela foi então submetida a uma cesariana em condições impróprias, resultando na morte de todos os filhotes e, posteriormente, da própria mãe.
Outra denúncia grave aponta que, desde fevereiro, por determinação de Túlio, todos os animais passaram a ser soltos no entorno do canil sob o argumento de “adoção ao ar livre”. No entanto, a medida irresponsável teria provocado uma série de acidentes, incluindo a morte de animais por atropelamento.
Entre os relatos que constam no processo, destaca-se o caso de um animal amarrado em uma rede curta, também por decisão de Túlio, o que resultou em sufocamento e privação de água. Há ainda a denúncia de um gato que permaneceu cerca de 15 dias confinado em uma caixa de transporte inadequada, mesmo havendo espaços isolados e apropriados dentro do canil, sob a justificativa de risco de contaminação a outros animais.
O montante de situações relatadas pode configurar não apenas maus-tratos, como também atos de improbidade administrativa. Diante da gravidade das denúncias, cresce a pressão para que as autoridades tomem providências e afastem os responsáveis pela gestão do canil, uma vez que a permanência deles no cargo pode comprometer ainda mais o bem-estar dos animais e a credibilidade do serviço público.
Negligência e descaso: os bastidores do Canil Municipal
Em um vídeo enviado por uma funcionária do local, que, posteriormente foi demitida, Túlio aparece reagindo às acusações com indiferença, afirmando que sua imagem não será afetada pelas filmagens e que está amparado legalmente. “Não serão essas imagens que vocês estão gravando que irão denegrir a minha imagem. Eu estou amparado legalmente. Tenho todas as provas e documentos que demonstram que meu trabalho vem sendo feito corretamente”, declara.
Por meio de contato com a equipe do Jornal da Chapada, a mesma funcionária afirmou que a veterinária do canil, Bruna, acata todas as ordens descabidas do coordenador Túlio e não oferece o suporte necessário aos animais doentes.
“A veterinária ainda usa remédio vencido nos ‘bichos’ e, muitas vezes, se recusa a atender cachorro de rua, mesmo doente. Já vi animal morrer sem nenhum cuidado. Ela só faz o que o coordenador manda”, relata a funcionária.
Sob a gestão do prefeito João Almeida Mascarenhas Filho (PSD), Itaberaba enfrenta um dos piores cenários em relação à proteção animal. São recorrentes os casos de envenenamento em massa, abandono de animais doentes, disseminação de zoonoses e a ausência de políticas públicas eficazes, como campanhas de vacinação e controle populacional. A falta de ação do poder público tem agravado ainda mais a situação, tornando o trabalho dos protetores independentes cada vez mais desafiador e limitado.
Jornal da Chapada